A situação dos trabalhadores com deficiência (PCDs) está cada vez mais difícil. O discurso do banco inclusivo não se alinha com a realidade sofrida pelos trabalhadores. Falta respeito, oportunidades e uma cultura organizacional inclusiva.

A Lei de Cotas Nº 8.213, estabelecida em julho de 1991, determina que as empresas com 100 ou mais funcionários são obrigadas a preencher de 2 a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência. Apesar disso, no ano passado, apenas 1,75% dos empregados da Caixa eram PCDs.

Após ter sido obrigado judicialmente, em ação do Ministério Público em que a Fenae é assistente, a Caixa convocou os PCDs aprovados do concurso de 2014, mas logo em seguida começou a demitir os empregados arbitrariamente ainda no período de experiência estabelecido pela lei.

Uma recente reportagem publicada no portal “Diversificou”, apresenta relatos de diversos trabalhadores que passaram por constrangimentos, discriminações e até mesmo violência física, antes de serem demitidos. O ex-funcionário Marcelo Oliveira (nome fictício), de 43 anos, conta que os colegas eram grosseiros, o xingavam de “gordo” e o constrangiam na frente de clientes, chegando até a ser agredido com um tapa na nuca em uma agência no Rio Grande do Sul.

Os que continuam trabalhando mesmo sem treinamento e estrutura adequada, enfrentam mais um desafio: a falta do Saúde Caixa. Atualmente são quase 2 mil funcionários nessa situação, lidando com o risco de serem contaminados pelo coronavírus e sem um plano de saúde adequado para atender suas necessidades. O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, que não tem Saúde Caixa, achou razoável comparar sua situação com a dos trabalhadores sem o plano. Em pronunciamento feito no mês de maio , Guimarães zombou dos novos empregados ao dizer que “nem ele tem plano de saúde pela Caixa”.

O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sérgio Takemoto, considerou inaceitável a Caixa deixar os trabalhadores sem o Saúde Caixa, principalmente neste momento de pandemia. “Os trabalhadores continuam sem o Saúde Caixa nesse momento gravíssimo onde ter um plano de saúde representa a vida. Infelizmente a Caixa não teve sensibilidade para incluí-los”, afirmou.

A diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus, lamentou a decisão da Caixa. “A forma com que a Caixa lida com esses funcionários é simplesmente inaceitável. São pessoas que sonharam com esse emprego, passaram no concurso e agora estão sendo humilhadas por causa de suas condições”.

A Fenae já denunciou a Caixa junto ao Ministério Público do Trabalho por causa das demissões ainda em período probatório, mas diante da pandemia, o órgão suspendeu o inquérito por 60 dias. Recentemente, a Fenae também encaminhou um ofício ao banco para exigir a imediata inclusão dos seus trabalhadores no plano de saúde dos trabalhadores da Caixa.

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