Muito tem se falado sobre os fundos de investimento em participação (FIP), por diversas vezes vistos como os vilões do deficit. Esses ativos, classificados como investimentos estruturados, já foram muito criticados pela atual gestão da Funcef e citados como sinônimo de corrupção ou má gestão, mas hoje são os que têm a maior rentabilidade e alavancam a recuperação dos planos. Alguns deles, como Eldorado (FIP Florestal) despertam interesse de outros investidores e já começaram a ser vendidos.

Em 2017, segundo a Fundação, pela primeira vez desde 2009, a rentabilidade dos planos superou as metas no dos primeiros sete meses, e os investimentos estruturados, que somam R$ 3 bilhões, tiveram papel determinante. De acordo com a Funcef, “o resultado foi puxado pelo forte desempenho de três fundos: FIP Caixa Barcelona, FMIEE BBI Financial I e FIP Kinea Private Equity II”.

Em todos os planos, os investimentos estruturados apresentaram a maior rentabilidade entre todas as classes de ativos até agosto. No Novo Plano, o desempenho dos FIPs chama atenção, com alta de 26,08%, enquanto renda variável obteve 14,98%, operações de crédito aos participantes renderam 6,79%, a carteira imobiliária cresceu 7,35% e a renda fixa, com a baixa na taxa de juros, obteve 6,45%. No REG/Replan Saldado, os investimentos estruturados também tiveram a maior rentabilidade (7,44%), operações com participantes alcançaram 8,34%, enquanto renda fixa (5,43%) e renda variável (5,47%) tiveram resultados mais modestos no período. No Não Saldado, os FIPs renderam 7,97%, enquanto no REB, tiveram rentabilidade de 20,18%.

Investimentos estruturados rendem mais que os outros ativos

Considerando todas as classes de ativos da Funcef, os investimentos estruturados são os que tiveram melhor rentabilidade em agosto, atingindo 9,7% no consolidado dos planos. Em segundo lugar, ficaram as operações com participantes, com 7,73%, seguidas pela renda variável (7,5%), renda fixa (5,71%) e investimentos imobiliários (5,34%). De dezembro de 2016 a agosto deste ano, a proporção da alocação de recursos nos investimentos estruturados subiu de 5,29% para 6,8% graças à rentabilidade mais elevada desses ativos.

“Esses fundos foram demonizados quando não renderam o esperado, e agora são enaltecidos por seus resultados. É sinal de que não eram tão ruins e mostra o quanto o contexto político e econômico influencia nos investimentos”, avalia a diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus.

A diretora explica que na situação atual do país, em que a renda fixa perde força, os fundos de pensão precisarão voltar suas políticas de investimento para ativos de maior risco para bater as metas. “Risco faz parte do negócio, assim como quem tem um imóvel sabe que o preço oscila, que há fases de baixa. A razão de ser dos fundos de pensão é investir para poder pagar os benefícios dos trabalhadores. Se ficarem só na renda fixa, não haverá dinheiro para nossas aposentadorias”, alerta Fabiana.

A variação na valorização de investimentos como os FIPs é tão comum que os especialistas recomendam que a análise dessa classe de ativo seja feita de forma agrupada, observando-se a carteira toda e não os investimentos isolados. Do mesmo modo, por se tratar de projetos de longo prazo, avaliações mensais ou semestrais não são adequadas.

Compartilhe: