Um debate que merece toda a atenção por sua importância na construção de uma sociedade inclusiva, justa e acessível a todos.

No 4º Encontro da Diversidade, promovido pela APCEF/SP em 30 de novembro, o tema “Pessoas com Deficiência (PcD): diferenças e semelhanças que nos unem” foi tratado com responsabilidade, de forma lúdica e elucidou muitas dúvidas e mitos referentes às capacidades e o dia a dia dessas pessoas.

“É muito importante este espaço de debate e o reconhecimento da APCEF/SP para quem está chegando na Caixa, onde podemos demonstrar nossa capacidade em desempenhar o trabalho nos processos das agências”, diz a empregada da Caixa, Rafaela de Lima, que ingressou recentemente no Banco Público.

As contratações só foram possíveis após Tribunal Regional do Trabalho (TRT) acatar recurso da Fenae determinando que a Caixa observasse a quantidade de empregados PcD atualizada para fins de cumprir a cota legal de 5%, prevista na Lei 8.213/91.

Dados da Caixa mostraram que o índice de trabalhadores com deficiência em atuação no banco era de apenas 1,46%, ou seja, abaixo da previsão legal.

“Este evento é muito importante, primeiramente porque recebemos os novos empregados da Caixa e, segundo, devido ao momento político. Um dia antes do evento, o governo enviou ao Congresso o Projeto de Lei 6159-19, que irá reduzir a participação das PcDs no mercado de trabalho. Alertamos os participantes do evento quanto a esse desmonte e vamos nos mobilizar contra este projeto”, destaca o secretário de Políticas Sociais da APCEF/SP, André Sardão.


André Sardão, um dos entusiastas do evento, faz a abertura oficial

:: Confira aqui mais imagens do evento.

4º Encontro da Diversidade – A diretoria da APCEF/SP fez a abertura oficial do 4º Encontro da Diversidade, destacando que um dos papéis da Associação, em sua atuação cidadã, é debater temas relevantes para os trabalhadores, o mercado de trabalho e a vida das pessoas.

“Estamos orgulhosos em realizar este evento e contar com a participação de tantos empregados da Caixa que ingressaram no banco após ações da Fenae para o cumprimento da Lei de Cotas”, destaca o diretor-presidente da APCEF/SP, Kardec de Jesus Bezerra.

Realidade com leveza – O Jogo Interativo Discovery foi a primeira atividade do Encontro.

Os participantes foram separados em três grupos e cada grupo encenava uma situação real ocorrida em alguma empresa em momento de recrutamento de pessoal.

Todos se envolveram na atividade e com as situações tão inusitadas. Participaram com atenção observando quantos preconceitos as pessoas com deficiência enfrentam no mercado de trabalho.

Lugar de fala da mulher com deficiência  – A fonoaudióloga, professora e mestre Naira Gaspar Rodrigues é cega e militante dos direitos das Pessoas com Deficiência. Em sua apresentação tratou de aspectos sociais, econômicos e de mercado de trabalho para as PcDs.

“Muitas vezes somos pessoas sem oportunidades e quanto mais excluídos economicamente, mais à margem nós estamos”, destaca. Para ela, muitas vezes, a sociedade enxerga as Pessoas com Deficiência com menor valor produtivo.

A palestrante reforça que o espaço da Pessoa com Deficiência é de resistência e que não se pode desistir. “A nossa existência precisa ser resistência”, diz.

Além disso, defendeu a luta da Caixa 100% Pública. “A Caixa é nossa e não vão privatizá-la. É a instituição financeira que agrega todo povo brasileiro, de onde sai o Bolsa Família, o Benefício de Prestação Continuada, onde as pessoas conseguem receber os seus benefícios, financiar a casa própria, receber auxílio construção… Então essa luta é de todos nós”, finaliza.


Marta Gil, Naira, José Roberto e Isaías

:: Direitos retirados

O bancário Isaías Dias fala do Projeto de Lei 6.159/2019 encaminhado pelo governo Bolsonaro ao Congresso Nacional que pretende modificar a atual política de cotas para pessoas com deficiência ou reabilitadas.

“Como não conseguiram acabar com o Benefício de Prestação Continuada (BPC) na Reforma da Previdência, estão instituindo neste PL que a pessoa terá de passar por uma habilitação ou reabilitação e, caso não tenha condições de comparecer à perícia, perderá o benefício. Isso determina a exclusão da Pessoa com Deficiência”, reforça.

:: Mercado de trabalho

“O número de Pessoas com Deficiência no mercado de trabalho em 2009 era de 288.593 e em 2017, 441.00. Você sabe o que isso significa? Que menos de 1% de PcDs estão no mercado de trabalho formal”, denuncia José Roberto Santana, bancário e PcD que concluiu os debates no Encontro. 

:: Importância do conhecimento

“O Brasil tem iniciativas muito importantes quanto aos direitos das Pessoas com Deficiência. É importante que todos conheçam para lutar pelas suas garantias”, destaca a socióloga Marta Gil.

A profissional diz que a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), que concretizou a Convenção da ONU sobre Direitos das Pessoas com Deficiência, foi uma conquista dos movimentos sociais, fruto de muita luta.

A Convenção diz, por exemplo, que é proibido discriminar por conta da deficiência. A LBI elucida em quais casos fica qualificado discriminação e determina as punições, tornando a Convenção operacional.

:: Assista ao vídeo sobre o Encontro

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