O anúncio de mudança no comando da Petrobras pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na última sexta, 19, ampliou o debate sobre a política de preços que vem sendo praticada desde os anos Temer com base no Preço de Paridade de Importação (PPI). Ela despreza o fato de o Brasil ser um país produtor de petróleo e reajusta seus derivados (gasolina, gás de cozinha, diesel, por exemplo) com base na cotação do dólar e do petróleo internacional, fazendo explodir os valores cobrados aos brasileiros.

Deyvid Bacelar, coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), explica que, como a Petrobras é uma empresa integrada – do poço ao posto – consegue assumir custos nacionalizados, não dolarizados, sem necessidade de se guiar pela PPI. “Você tem na Petrobras ainda a exploração e produção de petróleo, o transporte desse petróleo e seus derivados através da Transpetro, as refinarias… E ainda temos um percentual de ações na Petrobras Distribuidora”, afirmou na manhã desta segunda, 22, em entrevista ao programa Agenda Sindical.

Ele destaca o “ainda” porque, com os constantes ataques à privatização da empresa, a venda de ativos estratégicos e uma política de preços como a que vem ocorrendo nos últimos anos, após os governos Lula e Dilma, há risco real de desabastecimento e criação de monopólios. “Pelos cálculos que as nossas assessorias econômicas fizeram a gasolina deveria custar hoje em torno de R$ 3,50, e o gás de cozinha R$ 40”, aponta, destacando que o foco deve ser na política de preços e na luta contra a privatização das refinarias.

Só como exemplo, o preço do gás de cozinha (GLP) ficou congelado entre 2007 e 2014, passou a ter reajustes mensais em 2017, durante o governo Temer e, após reação negativa à medida, ajustes trimestrais. Com a entrada do governo Bolsonaro, em 2019 as mudanças de preço passaram a seguir as oscilações do mercado internacional do petróleo, sem periodicidade definida. Segundo a Associação Brasileira dos Revendedores de GLP, com a atual política de preços o valor do botijão pode chegar de R$ 150 a R$ 200 neste ano.

A FUP lembra ainda que Castello Branco, presidente da empresa, cai logo após os petroleiros realizarem manifestação contra a venda de refinaria e contra o aumento dos preços dos combustíveis. Durante a entrevista desta manhã Bacelar também falou sobre o encontro que deveria ocorrer nesta tarde com a direção da Petrobras e as conversas que vêm acontecendo já há algum tempo com a categoria dos caminhoneiros – para acessar a íntegra vá para https://www.facebook.com/watch/live/?v=249646023383191&ref=search

Em nota à imprensa, a FUP destacou que a saída de Castello Branco é a oportunidade de a Petrobras reforçar sua posição integrada e verticalizada, mas que a indicação do general Joaquim Silva e Luna, atual diretor da Itaipu Binacional, gera dúvidas sobre a condução da nova política de preços da empresa.

“A FUP e seus sindicatos esperam que a Petrobras retome seu protagonismo na economia brasileira, sobretudo diante da incompetência do governo federal de adotar medidas justas e socialmente responsáveis para a retomada econômica do país em um momento tão grave quando o da pandemia de covid-19”.

O Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas reitera seu apoio à categoria petroleira e à luta contra a privatização da Petrobras, uma empresa estratégica para a soberania do Brasil e cujo impacto no desenvolvimento do País é imenso.

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