O Ministério da Economia anunciou na última semana que o decreto de liquidação da empresa pública Ceitec (Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada) deve ser publicado nos próximos dias. Criada no governo Lula, a estatal nasceu com a finalidade de impulsionar o País na área de microeletrônica, e sua extinção representará uma enorme perda de capital humano e investimento tecnológico.

Apesar de muitas vezes ser identificada apenas como a empresa que faz o ´chip do boi´, utilizado para identificação animal, a Ceitec está presente no dia a dia dos brasileiros em muitas outras frentes: por exemplo, quando se atravessa a cancela do pedágio ou estacionamentos com a leitura do código de barras instalado no veículo; na realização de inventários patrimoniais, agilizando o processo, ou mesmo com identificação pessoal para controle de acesso a lugares e serviços – como as tags hoje largamente utilizadas em condomínios residenciais.

“A liquidação da Ceitec é um retrocesso para o País, pois o capital privado no Brasil ainda não tem capacidade de investir nessa área. É necessário investimento público para que a área de semicondutores cresça. Foi assim em todos os países onde essa área foi bem sucedida, foi assim nos Estados Unidos, na Coréia, na China”, aponta Júlio Leão, porta-voz da Associação dos colaboradores da Ceitec, a Acceitec.

Segundo o porta-voz o Brasil perderá um investimento de aproximadamente R$ 1 bilhão investido no decorrer de 11 anos e um patrimônio de R$ 30 milhões em capital humano, com trabalhadores altamente especializados em semicondutores não sendo absorvidos no País. “Nos últimos anos 35 colaboradores já deixaram a Ceitec e foram para o Exterior” afirma, acrescentando que a tendência é que muitos mais façam esse caminho caso a liquidação seja confirmada.

Atualmente, explica, a empresa produz mais de 50 produtos nas áreas de logística, veicular, segurança, saúde e agronegócio. “A Ceitec já atraiu outras empresas para o Brasil, desenvolve cadeias produtivas e capacita pessoal para fazer crescer ainda mais a área de semicondutores no País”, completa.

O Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas apoia a manutenção da Ceitec como empresa pública, com forma de impulsionar e garantir o avanço tecnológico no País, o patrimônio da sociedade brasileira e os direitos de seus trabalhadores.

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