Maeno fez um histórico sobre as doenças relacionadas ao trabalho desde a década de 1990, como as Lesões por Esforços Repetitivos (LER), também conhecidas por Dort (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), até o momento atual, com a pandemia da Covid-19. Ela explicou que, à época, os bancos imputavam aos trabalhadores a responsabilização pelos acidentes de trabalho. A união dos trabalhadores, sindicatos e pesquisadores buscaram evidências para provar que a raiz dos adoecimentos eram as condições de trabalho inadequadas.  

Hoje, ela considera que os recursos tecnológicos são usados para aumentar a produtividade dos trabalhadores, com sistemas de gestão que avalia o desempenho do empregado pelo alcance das metas estipuladas, consideradas abusivas e com impacto na saúde física e psíquica dos empregados. 

Em relação à pandemia, Maeno destacou dados da pesquisa Covid-19 como uma doença relacionada ao trabalho, que tem apoio da Fenae. Segundo o levantamento, 25% dos bancários que responderam à pesquisa tiveram Covid-19; destes, quase nenhum teve reconhecimento da doença como acidente de trabalho. Ainda segundo a pesquisa, 50% dos bancários que responderam e não tiveram Covid-19 e 60% dos que tiveram a doença, se queixaram da proximidade física e falta de ventilação no ambiente de trabalho.  

“Um dado preocupante é que funcionários da Caixa que se infectaram, se destacaram dizendo que não se afastaram do trabalho mesmo doentes, o que é totalmente inadequado”, revelou. “Vamos investigar melhor esse dado por meio de entrevistas”, acrescentou. 

A médica também fez críticas às características do teletrabalho, que têm intensificado o ritmo e prolongamento da jornada. 

Rita Lima, diretora de Relações do Trabalho da Fenae, comentou a crítica de Maeno. “Uma coisa é o home office que salva vidas porque é preciso fazer o isolamento social; a outra é ter uma modalidade de trabalho nessas condições. Precisamos coibir as metas abusivas, a flexibilização de jornada, a sobrecarga de trabalho e todos os mecanismos de controle que estão levando os trabalhadores à exaustão”, disse.  

Inez Galardinovoc, secretária de Formação Sindical do Sindicato dos Bancários do ABC, falou sobre os impactos das organizações financeiras na saúde do trabalhador. “Muitos bancários ainda se culpam pela própria doença e não veem que é a organização de trabalho imposta pela empresa que adoece”, disse.  

A mesa foi coordenada por Eliana Brasil, representante da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Minas Gerais (Fetrafi/MG);  Edson Luiz Heemann, da Fetrafi/SC e Odaly Bezerra Medeiros, da Fetrafi/NE.

 

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