Em 27 de fevereiro, a agência de notícias internacional Reuters, em sua edição nacional, publicou matéria sobre o fato de os balanços da Caixa estarem passando por um processo de ajustes e, ainda, que a atual gestão do banco está fazendo uma revisão que inclui um aumento da provisão em R$ 7 bilhões, o que impactaria diretamente o resultado da instituição no exercício.

A provisão seria constituída, de acordo com a nota, para cobrir eventuais perdas com operações de financiamento imobiliário efetuadas pelo banco.

É destacada na matéria, ainda, a rubrica de imóveis adjudicados (garantias executadas de financiamentos imobiliários inadimplentes), que em setembro de 2018 apontava um valor de R$ 7,8 bi e uma provisão para perdas com desvalorização destes imóveis de R$ 855 milhões. Como a carteira de crédito da Caixa no segmento, na mesma data, era de R$ 427,7 bi, a inadimplência, considerando os créditos vencidos há mais de 15 dias e o estoque de imóveis adjudicados, estava na faixa dos 2%.

O crédito habitacional foi o único produto de crédito em que a Caixa aumentou a participação de mercado, mesmo com a queda na concessão na modalidade SBPE nos últimos meses do ano passado.

Se as demonstrações financeiras publicadas até agora estão adequadas, o aumento na provisão especulado pela Reuters não é usual e não se justificaria sob o alegado argumento de uma abordagem contábil mais conservadora.

A provisão sobre os imóveis adjudicados, e não de uso, é feita segundo critérios próprios, que avaliam o valor de mercado e a recuperabilidade do investimento, não se confundindo com provisão para devedores duvidosos.

Na ponta do crédito concedido, a provisão que seria constituída extrapola, e muito, o valor do saldo devedor vencido na modalidade de crédito. O indicador dívida vencida/total da carteira, inclusive, tem se reduzido nas últimas demonstrações.

A APCEF/SP aguarda a publicação do balanço do banco para que sejam esclarecidos quais os fatos que ocorreram entre outubro e dezembro de 2018 que justificariam tal constituição de provisão.

Securitização – Chama a atenção o movimento feito pela direção do banco – de acordo com a Reuters – que acaba, na prática, desvalorizando o principal produto da Caixa.

É importante lembrar que, ao tomar posse, o presidente do banco, Pedro Guimarães, aventou a possibilidade de a Caixa aumentar a securitização dos créditos imobiliários.
Quando a própria direção do banco questiona a qualidade destes créditos, o mercado entende que a Caixa deve aumentar o prêmio pago pelo banco para oferecer tais papéis, para justificar o maior risco. Não parece ser uma boa estratégia de venda.

PLR – Alertamos aos empregados que esta projeção esconde o lucro da Caixa e afeta o valor a ser recebido na segunda parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), acordada para março deste ano.

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