A direção da Caixa é cruel nas imposições aos seus empregados. Consegue, a partir de uma ferramenta de RH, gerar mais segregação, insatisfação e insegurança entre os seus trabalhadores. Assim é o Programa Bônus Caixa.

Aos empregados da rede que ao menos aparecem na “lista dos escolhidos”, possíveis merecedores do bônus, resta a angústia de saber se realmente estarão enquadrados nos critérios exigidos no regulamento, a falta de informação de valor e a data do possível recebimento.

Para aqueles que são considerados “dispensáveis pela Caixa”, fica a fúria pela desvalorização do trabalho realizado. “Temos a sensação de que a Caixa considera improdutivos os empregados com funções não gerenciais ou sem função”, diz um empregado.

De acordo com o regulamento, a apuração para a definição de pagamento do Programa Bônus Caixa será realizada após divulgação oficial do resultado operacional do banco público, – no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2017 -, além do fechamento da avaliação dos resultados das unidades no Realize Caixa.

O Realize Caixa mensura os resultados da agência, sendo que metade é desempenho financeiro e outra metade é “meta seca”. Isso significa que não basta bater as metas, que já são abusivas, é preciso maximizar o lucro da meta que está sendo cumprida.

Contudo, – mesmo após dois Planos de Apoio à Aposentadoria (PAA) realizados em 2016, dois Programas de Desligamento Voluntário Extraordinário (PDVE), em 2017 e a não contração dos aprovados no último concurso -, a Caixa apresentou lucro líquido de R$ 2,168 bilhões no terceiro trimestre de 2017, alta de 159% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A política de massacre global, em que todos estão na mesma mira, com pressões para cumprimento de metas abusivas para aumentar o lucro do banco público, ameaças de perda de função e tantas outras atrocidades, não serve para colocar todos os empregados no mesmo patamar quando se cria política de Recursos Humanos (RH) para ampliar a remuneração.

“Em muitas unidades existem times de vendas qualificadas. As Superintendências Regionais (SRs) fazem campanhas de produtos e cobram pesado pelas metas. O discurso é que todos os empregados da unidade têm de vender. Atribuem pontuação a cada venda e uma pontuação mínima para qualificar o empregado como bom vendedor”, conta o empregado.

A confusão gerada pelo Programa Bônus Caixa impactou também os compromissos assumidos individualmente pelos empregados no programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP) – denunciado pela APCEF/SP como ferramenta criada pela Caixa para estabelecer metas inatingíveis, retirar a função dos empregados, precarizar as relações de trabalho e implementar a meritocracia. As mudanças de objetivos e metas “no meio do jogo” deixaram muitos empregados inseguros e sentindo-se cada vez mais ameaçados.

“Então esse Bônus Caixa está sendo visto por muitos gerentes como uma forma de fazer “um pé de meia para o que está por vir”, e outros veem como um “alisa para depois dar a surra pra valer”. Eles estão desesperados para receber esse dinheiro”, conta um empregado

Com todas essas questões, alguns gerentes relatam que grande parte dos empregados não se preocupam mais em oferecer aos clientes produtos que atendam às suas reais necessidades e estão focados para atender, cada vez mais, as metas exigidas pela direção da Caixa.

“A Caixa não conhece a Caixa e a sua direção não vê o banco público como ferramenta de fomento do desenvolvimento do país, que financia os sonhos de tantos brasileiros por meio do acesso ao crédito imobiliário e, nem mesmo, como o banco que equilibra a economia com a redução de juros, por exemplo. A visão deste governo é que a Caixa deve se alinhar aos padrões do mercado e dos bancos privados, que seus empregados devem trabalhar para atingir metas que atendem as necessidades do capital, do lucro e da alta performance. Não compreende a importância da Caixa, a sua grandeza e nem o seu papel social”, finaliza a diretora da APCEF/SP Claudia Tome.

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