Protesto ocorreu na terça-feira (17), no Salão Verde, e reuniu parlamentares, representantes da Fenae e de outras entidades da sociedade civil, além de empregados. O objetivo foi contrapor-se à abertura de capital do banco

Uma frente ampla de mobilização em defesa da Caixa Econômica Federal 100% pública, formada por Fenae e outras entidades representativas, empregados, trabalhadores de outras empresas públicas, parlamentares e representantes da sociedade civil, foi constituída nesta terça-feira (17), no Salão Verde da Câmara dos Deputados. Foi durante manifestação contra os planos do governo Michel Temer de transformar o banco em Sociedade Anônima.

O protesto contra a ameaça de abertura de capital da Caixa, que contou com faixas, cartazes e outros materiais da campanha “Defenda a Caixa você também”, ocorreu na véspera do Dia Nacional de Luta, agendado para quarta-feira (18), quando trabalhadores e entidades representativas realizam atividades em todo o país contra a privatização do banco e em defesa dos participantes da Funcef.

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O ato foi promovido pela Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos, criada em 13 de junho por iniciativa do senador Lindbergh Farias (PT/RJ). Ele esclareceu que agora as atenções estão voltadas para a Caixa Econômica Federal, havendo “a necessidade de toda a sociedade brasileira se levantar contra as diversas tentativas de mudança no Estatuto da empresa, primeiro passo para transformá-la em S/A e abrir o seu capital, com a entrega de setores importantes para o setor privado”.

Tendo como principal objetivo envolver a sociedade brasileira no debate em torno da defesa da Caixa 100% pública, a manifestação suprapartidária no Salão Verde foi prestigiada por um número expressivo de parlamentares. Um dos que fez uso da palavra foi o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR), para quem ao banco cabe a parte mais significativa da atuação governamental em favor da sociedade, através do investimento em políticas públicas. “Sou contra até mesmo à Raspadinha privatizada, pois isto contraria o autêntico interesse nacional. Se houver abertura de capital, o país abre mão de que é público, e isto é inaceitável”, afirmou.

O deputado Zé Carlos (PT/MA), vice-presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos, foi direto ao ponto: “O governo tem de respeitar a vontade popular, e o povo quer a Caixa 100% pública”. Ele elogiou a expressiva manifestação de parlamentares, lideranças sindicais e associativas, além de empregados. “A Caixa é resultado do esforço e do trabalho de todo o povo brasileiro. Tudo que dá orgulho à sociedade está sendo destruído pelos golpistas abrigados no governo Temer, com o único propósito de beneficiar a grande bancada financeira internacional”, lembrou a senadora Lídice da Mata (PSB/BA). Ela acrescentou: “Vamos resistir e lutar para impedir que a Caixa seja privatizada”.

Para o deputado Gláuber Braga (PSOL/RJ), “é preciso dar um basta a essa operação de desmonte do Estado brasileiro, pois o que estão fazendo com a Caixa é um crime de lesa-pátria”. Ele deixou claro que não dá para permitir que ocorra a destruição do patrimônio público. Opinião semelhante foi compartilhada pelo líder da oposição na Câmara, deputado José Guimarães (PT/CE), para quem a falta de ampla participação popular levará a que o programa de desmonte do Estado obtenha êxito. E opinou: “Defender a Caixa é defender o Brasil, assim como defender os bancos públicos é defender políticas públicas para fomentar o desenvolvimento social e econômico do país”.

Ao destacar a importância da Caixa para cada brasileiro, sobretudo para a parcela mais pobre da população, o deputado Júlio Delgado (PSB/MG) observou que “o desmonte dos serviços públicos não é bom para o Brasil”. Segundo ele, “privatizar a Caixa é um erro grave, pois a empresa é diferenciada: ajuda o país a desenvolver-se social e economicamente”.

Na condição de empregada da Caixa, a deputada Érika Kokay (PT/DF) denunciou que o Brasil presencia, sob a batuta do governo ilegítimo de Temer, a ausência de um projeto nacional de desenvolvimento. “A Caixa é a empresa que está colada com a proposta de um Brasil melhor e mais justo, solidário e democrático, sobretudo por atuar como articuladora de todos os programas sociais deste país”, advertiu. Em seguida a parlamentar brasiliense fez a seguinte exortação: “É a Caixa! Porque o Brasil precisa de algo maior que um banco, precisa da Caixa para ser cada vez mais Brasil”.

“Os golpistas vêm agora para cima da Caixa. Não se trata apenas de privatização, mas de quebra de soberania e de desnacionalização. Diante de todas essas ameaças, cada vez maiores e mais frequentes, oferecemos nosso apoio e solidariedade à mobilização em defesa da Caixa 100% pública”. Assim, a deputada Alice Portugal (PCdoB/BA) manifestou sua concordância com a campanha “Defenda a Caixa você também”. Ela conclamou parlamentares e sociedade a defenderem a Caixa como classe trabalhadora, pois só dessa maneira dará para combater essa política de desmonte do Estado brasileiro. “A hora é agora”, admitiu.

Participação da Fenae e de outras entidades

“Convocamos os trabalhadores, os parlamentares e a sociedade para defenderem a Caixa 100% pública. Apenas assim a empresa continuará sendo o banco da habitação, do Minha Casa Minha Vida, do Fies, do Bolsa Família, das populações ribeirinhas da Amazônia, dos municípios, do saneamento, da infraestrutura urbana. Esse papel social não interessa às instituições privadas”, afirmou o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira.

Ele lembrou que envolver todos os setores na defesa da Caixa é fundamental, acrescentando que foi com esse objetivo que a Fenae e outras entidades representativas lançaram a campanha “Defenda a Caixa você também”. Durante o ato, Jair Ferreira fez uma sugestão à Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos: agendar urgentemente uma audiência com o ministro da Fazenda, Henrique Meireles, para contrapor-se de forma suprapartidária contra eventual privatização da Caixa.

Marconi Araújo, diretor de Relações do Trabalho e Qualidade de Vida da Fenag, observou que a luta é grande e precisa contar com o apoio da sociedade. “A Caixa 100% pública é importante para a população e para o Brasil. Defendê-la, portanto, é defender mais investimento em benefício do desenvolvimento do país”, disse.

A vice-presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carmen Foro, começou seu discurso com um testemunho do que significa a Caixa para o setor rural e para o desenvolvimento social. E complementou: “Defender esse banco é defender o Brasil, o desenvolvimento nacional e a dignidade de seus trabalhadores. É preciso ir para o confronto, pois a luta em defesa da Caixa 100% pública não é apenas de uma categoria profissional, mas de toda a classe trabalhadora”.

Presente ao ato da Câmara, Júlia Louzada, representante da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do Levante Popular da Juventude disse que a defesa de uma educação pública e gratuita tem relação direta com a defesa da Caixa 100% pública. Ambas as mobilizações, segundo ela, são herdeiras de um povo guerreiro. “A Petrobras e a Caixa Econômica Federal são patrimônio do povo brasileiro, e não vamos permitir que sejam privatizadas”, observou.

Fonte: Fenae.

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