As ações da Vale foram responsáveis pelo resultado positivo nos planos Reg/Replan Saldado e Não Saldado. De acordo com o balanço apresentado nesta terça-feira (23), a rentabilidade consolidada da carteira da Fundação foi de 13,78% acima da meta atuarial, de 10,19%, com superávit de 2,57 bilhões. 

Somente o resultado da Vale (Carteira Ativa II) foi de R$ 4,1 bilhões, com rentabilidade de 65% no exercício. O investimento na Vale existe há mais de 20 anos (leia histórico do investimento) na Funcef e responde, hoje, por 12,63% da carteira da Fundação.

Como consequência do desempenho positivo da mineradora, o Reg/Replan Saldado e Não Saldado, que concentram grande parte deste ativo, alcançaram resultados de 16,6% e 14,1%, acima da meta, respectivamente. Assim, foi possível reduzir, em média, 16,5% das alíquotas do equacionamento no Não Saldado a partir da folha de abril.

No entanto, segundo a Fundação, para revisar o equacionamento do REG/Replan Saldado, o déficit no plano precisa ser eliminado. Durante a apresentação do balanço, os diretores não mencionaram a aplicação da Resolução CNPC 30, que permite revisão de equacionamento e ampliação dos prazos para o pagamento da mensalidade.

Os planos Novo Plano e REB dos participantes ativos ficaram abaixo da meta atuarial – 7,45% e 7,98%, nessa ordem. Para assistidos, houve valorização de 10,95% para o Novo Plano e 11,8% para o REB. O relatório ainda não foi disponibilizado pela fundação. Uma análise mais detalhada, portanto, será feita posteriormente pela Fenae.

Fabiana Matheus, diretora de Saúde e Previdência da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), explica que o desempenho positivo dos planos e a consequente redução de equacionamento do Não Saldado se deve a uma valorização atípica da Vale. “É importante destacar que o resultado da Funcef está ancorado na alta da Vale e não em um ato de gestão ou condução das negociações deste ativo”, disse. 

Fabiana alerta sobre o peso da Vale na carteira de renda variável da Funcef, que pode impactar positiva ou negativamente os planos de benefício com concentração do ativo. Vale lembrar que a desvalorização do minério de ferro e consequente queda nas ações da mineradora foram um dos fatores dos déficits de 2014, 2015 e 2016. 

O minério de ferro se destacou como a commoditie de melhor desempenho em 2020, puxando a valorização da mineradora. Já nesta semana houve queda no preço do mineral, recuando as ações da Vale. 

“Por ser muito volátil, é muito arriscado depender dos resultados da Vale. A condução das negociações das ações deve ser muito rigorosa e, claro, muito transparente. Os participantes devem ser inseridos nessas discussões e ter acesso a todas as informações sobre os investimentos e seus resultados”, salientou a diretora da Fenae.

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