O dia 8 de Março, conhecido como o “Dia Internacional da Mulher”, é frequentemente usado para celebrar as conquistas femininas. Frutos de lutas como a pelo direito ao voto, direito a estudar, inserção no mercado de trabalho e muitas outras.

No entanto, é também um dia de reflexão, já que ainda estamos anos-luz de uma sociedade justa e igualitária. Esta semana estão sendo divulgadas diversas pesquisas que mostram justamente isso.

Um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, no Brasil, as mulheres seguem com salários menores que os dos homens. Em relação ao rendimento habitual médio mensal de todos os trabalhos e razão de rendimentos, por sexo, entre 2012 e 2016, as mulheres ganham, em média, 75% do que os homens ganham. Isso significa que as mulheres têm rendimento habitual médio mensal de todos os trabalhos no valor de R$ 1.764, enquanto os homens, R$ 2.306.

A diferença existe mesmo com uma maior taxa de escolarização. Tomando como base a população de 25 anos ou mais de idade com ensino superior completo em 2016, as mulheres somam 23,5%, e os homens, 20,7%. Quando se comparam os dados com homens e mulheres de cor preta ou parda, os percentuais são bastante inferiores: 7% entre os homens e 10,4% entre mulheres.

A categoria bancária é um bom exemplo dessa disparidade. Segundo uma pesquisa do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho, na sexta-feira (2), as 1.283 mulheres admitidas nos bancos em janeiro de 2018 receberam, em média, R$ 3.116,41. Esse valor corresponde a 71,8% da remuneração média auferida pelos 1.316 homens contratados no período.

A diferença constata-se também na remuneração entre homens e mulheres nos desligamentos. As 991 mulheres desligadas dos bancos recebiam, em média, R$ 5.649,80, o que representou 76,3% da remuneração média dos 956 homens desligados dos bancos no período.

Além de salários inferiores, as brasileiras continuam enfrentando a dupla ou tripla jornada de trabalho. De acordo com um estudo do IBGE, o tempo dedicado aos cuidados de pessoais ou a afazeres domésticos é maior entre as mulheres (18,1 horas por semana) do que entre os homens (10,5 horas por semana).

Em termos de vida pública e tomada de decisão, a mulher brasileira ainda encontra-se em patamar inferior ao do homem, colocando o Brasil em 152º lugar em uma lista que mostra a representação política em 190 nações. A pesquisa confirma ainda a desigualdade existente entre mulheres brancas e negras ou pardas.

Violência – Já o estudo realizado pelo instituto Ipsos, que ouviu cerca de 20 mil homens e mulheres de países de todos os continentes, incluindo o Brasil, mostrou que assédio e violência são os maiores problemas enfrentados pelas mulheres hoje.

Na pesquisa, as pessoas responderam a seguinte pergunta: “Quais são os problemas mais importantes enfrentados por mulheres e garotas no seu país?”. Do total, 32% responderam assédio sexual, seguido de violência sexual (28%), violência física (21%), abuso doméstico (20%) e disparidade salarial (19%).

No âmbito brasileiro, as respostas são semelhantes, mas a violência sexual é a principal apontada.

Outra análise, divulgada no final de 2017, feita pelo consultoria Tree, especializada em diversidade de gênero, com dados coletados pelo instituto Qualibest, aponta que esse é também um problema enfrentado pelas mulheres no trabalho. No Brasil, uma a cada três mulheres sente que não há garantia de sigilo e proteção para denunciar casos de assédio, ofensa, discriminação ou situações de desigualdade de gênero nas empresas em que trabalham. Mais da metade dos entrevistados disseram que já viram colegas – homens e mulheres – serem ofendidos, rebaixados ou prejudicados por questões ligadas a gênero e sexualidade.

“Ainda temos um longo caminho pela frente e por isso não podemos desistir da luta, ter os mesmos direitos e oportunidades é algo que beneficiará toda a sociedade. Ainda existe muita gente querendo nos fazer retroceder, por isso este é um momento muito importante onde temos que nos unir ainda mais e lutar por igualdade e justiça”, ressaltou Claudia Tome, diretora da APCEF/SP.

>> Clique no link abaixo e assista ao vídeo preparado pela APCEF/SP para homenagear essas grandes guerreiras. A gente aproveita para lembrar que a luta diária não é só tarefa das mulheres, afinal, lugar de mulher é onde ela quiser.

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