Edição: 89
A reforma da previdência de Temer e sua equipe econômica tem como ponto central a idade mínima de 65 anos para a concessão do benefício para homens e mulheres. Como justificativa para tal idade, menciona-se que na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é assim. Então ‘tá. A OCDE reúne 35 países-membros, a maioria deles desenvolvidos. O Brasil é desigual. Embora a expectativa de vida ao nascer, hoje, seja de 75,1 anos, alcançar essa idade é esperança distante para os nascidos no Norte e Nordeste, exceção aos do Rio Grande do Norte.

Benefício em outra encarnação

Com a exigência de 65 anos para a concessão do benefício, muitos contribuirão por décadas e pouco receberão. A esperança de vida de um brasileiro nascido em Santa Catariana, hoje, é de 78,4 anos. Aposentando-se aos 65 anos, o catarinense receberá o benefício por pouco mais que 13 anos. Para o nascido no Maranhão, a vida vai até os 70 anos, com aposentadoria por menos tempo – apenas 5 anos. Para ambos os casos, 50 anos de contribuição, se período iniciado aos 15 anos de idade.

Para os homens, pouco pior

Se o mesmo critério for aplicado considerando-se homens e mulheres isoladamente, a esperança de vida de um homem do Nordeste, ao nascer, é de 68,4 anos. Uma mulher nascida no Sul viveria bem mais, 80,6 anos. Quanto mais carente é a localidade, menor a esperança de vida. A proposta de Temer, em resumo, fará com que o habitante da região mais pobre – em tese, ele próprio mais pobre – receba por menos tempo o benefício de previdência. Como o mais pobre, em regra, também começa a trabalhar mais cedo, contribuirá mais.

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