Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo publicada no sábado, 11 de junho, o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, se contradiz nas respostas em relação aos rumos do banco público.

Já na primeira pergunta, Occhi afirma que não há intenção de privatizar as áreas de seguros, loterias e cartões. Mas diz que as discussões do IPO (abertura de capital) da Caixa Seguridade estão na agenda da equipe econômica. E que depende do mercado para entrar ainda este ano. Isso reduziria ainda mais a participação e o controle do banco nesse produto. Na área de cartões, diz que se “se resolvermos pela abertura de capital ou outra parceria, vamos fazer”.

A reportagem cumpre o papel de acalmar os ânimos dos empregados da Caixa que vinham de uma semana de manifestações em todo o país, nas redes sociais, nas ruas e nos locais de trabalho, posicionando-se contrários à privatização da Caixa. A última manifestação ocorreu no dia 10, um dia antes da publicação. A intenção também é deixar claro para a concorrência (os outros bancos) que o governo irá tirar o “pé do acelerador”, mesmo que as mudanças não aconteçam tão já.

 “Há resistência dos empregados da Caixa. Os trabalhadores não querem o desmonte do banco público e a redução do papel de executor das políticas sociais de governo”, comenta a diretora da APCEF/SP Ivanilde de Miranda.

Quando o jornal afirma a Occhi que houve uma decisão do governo Lula para uso da Caixa como locomotiva do crédito dentro das medidas anticíclicas (quando o governo interfere promovendo a expansão do crédito e o aumento dos gastos, realizando investimentos capazes de estimular a economia) da crise de 2008/2009, o presidente nega. Disse que a decisão de ter maior participação no mercado foi tomada antes mesmo da crise e que juntou com a oportunidade de ocupar espaço, com a desaceleração dos bancos privados na concessão de crédito.

 

• Qual a real intenção?

Occhi tenta descaracterizar o papel fundamental que a Caixa cumpriu em um momento de crise no país, que ajudou a fortalecer a geração de renda da população e a geração de empregos.

Finalizando a entrevista, o presidente diz que a Caixa entrou em linhas que não tem expertise – como crédito rural e financiamentos a grandes empresas – e afirma que o banco focará no tripé habitação, consignado e infraestrutura. Um recado claro aos banqueiros.

Pouco antes, diz que não há orientação nem debate sobre fusão entre Caixa e Banco do Brasil. No entanto, a notícia veiculada pela revista Exame afirma exatamente que a Caixa passaria a centrar sua política no negócio imobiliário.

Será mesmo que a privatização da Caixa está fora das discussões?

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