Uma inédita pesquisa encomendada pelo Sindicato descortina o drama do assédio moral praticado por instituições financeiras contra seus trabalhadores. Os números do levantamento O Impacto da Organização e do Ambiente de Trabalho Bancário na Saúde Física e Mental na Categoria serão condensados num livro e divulgados, em sua integralidade, no dia 24 de agosto, durante o Seminário Internacional Saúde do Bancário. O evento será realizado no Hotel Renaissance, na zona sul, e terá a presença de um dos mais renomados estudiosos do tema, o psiquiatra francês Christophe Dejours.

A pesquisa foi feita entre os meses de novembro de 2010 e janeiro de 2011 com 818 participantes. Segundo a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, enquanto 30% da população brasileira sofrem com estresse, conforme dados da Universidade Federal Fluminense (UFF), quando o recorte é feito apenas na categoria dos bancários o número mais que duplica. São 65% que se queixam da patologia. “A pesquisa apontou que 42% dos entrevistados já sofreram assédio moral no ambiente de trabalho. Existe um clima permanente de tensão, com a divulgação de ranking e metas cobradas diariamente por torpedos e e-mails. Tudo isso gera o adoecimento.”

Outros números da pesquisa demonstram que 84% dos trabalhadores ouvidos já sofreram problemas de saúde, como cansaço e fadiga. “Isso mostra uma categoria adoecida. Para resolver o problema do assédio é preciso antes resolver o problema da gestão por resultados, das cobranças por metas absurdas. Antes de cobrar resultados é preciso saber se a agência possui funcionários suficientes e se os clientes daquela região têm poder aquisitivo para adquirir os produtos oferecidos. Há inúmeros relatos de bancários que se humilham para seus clientes para conseguir vender algum produto ou serviço do banco”, explica a presidenta.

O secretário de Saúde do Sindicato, Walcir Previtale, acredita que o assédio moral é uma distorção no ambiente de trabalho. “Não se pode aceitar isso como algo comum. É preciso tornar o local de trabalho saudável, reforçar os laços de solidariedade entre os trabalhadores”, opina e conclui. “Um bancário sem saúde rende menos, não é bom para ninguém. Além disso, denúncias abalam a imagem de ‘boas empresas’ que os bancos vendem na mídia.”

Combate – No início desse ano, no dia 26 de janeiro, os bancários conquistaram uma importante ferramenta: o Instrumento de Combate ao Assédio Moral, assinado entre representantes do Sindicato e de Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, Caixa Federal, HSBC, Votorantim, Bicbanco, Citibank e Safra. Ao longo dos meses, outras instituições aderiram. O acordo incluiu a Cláusula de Prevenção aos Conflitos no Ambiente de Trabalho na Convenção Coletiva do Trabalho de 2010, e prevê a criação de canal de denúncias via sindicatos, que as repassam para os bancos preservando a identidade dos denunciantes, com o compromisso por parte das instituições de investigar os casos apresentados. “É um acordo inédito entre os trabalhadores”, reforça Walcir.

O combate ao assédio moral foi citado por 62% dos 6 mil participantes da consulta para a Campanha Nacional de 2011, onde trabalhadores registraram que o tema deve ser uma das prioridades durante as negociações.

Fonte: SEEB-SP

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