Mais um passo para fortalecer os bancos públicos foi dado nesta terça-feira (13), com o lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos no Senado Federal, em Brasília (DF). O evento teve a participação de representantes da Contraf-CUT, Fenae, parlamentares, sindicatos, federações de trabalhadores, movimentos sociais e universidades.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) é o autor do projeto que criou a Frente, a partir da iniciativa de entidades que integram o Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas, entre elas a Fenae. A Frente será integrada por representantes das duas Casas (Câmara e Senado) e dos movimentos sindical, social e associativo. Ela vai ampliar discussão sobre a importância dos bancos públicos fortes como instrumentos de fomento ao crédito e políticas sociais do país também nos estados e municípios com audiências públicas.

“Gostaria de destacar a importância da nossa mobilização, envolvendo os trabalhadores dos bancos públicos e a sociedade. É preciso conscientizar que sem essas instituições o país não vai voltar a crescer e não conseguiremos criar mais empregos. Os bancos públicos precisam ser fortalecidos para continuar fomentando o desenvolvimento econômico e social”, disse o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, durante o lançamento da Frente. Ele sugeriu que sejam realizados eventos nos estados e até nos municípios para ampliar a discussão. “Precisamos envolver todos os setores produtivos nesse processo de mobilização”, frisou.

Durante a mesa de lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos, a senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR) ressaltou que “não se faz investimento e consumo de bens duráveis sem crédito. Nós ressaltamos a importância dos bancos públicos e continuamos também na resistência contra as reformas trabalhistas”. Para o deputado federal Zé Carlos (PT/MA), que coordena os trabalhos da Frente na Câmara, “estamos sofrendo um tsunami nas instituições públicas com a precarização do trabalho, reformas prejudiciais à população e desmonte de instituições de representantes sociais. Cabe a nós mais esse embate”.

Já a deputada federal Erika Kokay (PT/DF) lembrou que as ameaças aos bancos públicos fazem parte de um processo de entrega das riquezas do país. “Para um governo que não tem um programa de desenvolvimento nacional, não tem sentindo a existência de bancos públicos, que são instrumentos estratégicos importantes para o desenvolvimento social e econômico”, afirmou. O presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, também deu o recado: “os bancos públicos também existem para corrigir falhas do setor privado. Fomentar o crédito é papel do banco público. Isso já resume esse debate. É inquestionável a importância”.

Seminário

Antes do lançamento oficial da frente, foi realizado o seminário Estratégias para Financiar o Desenvolvimento. Uma das expositoras do evento foi a vice-presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, que destacou entre outros pontos a importância dos bancos públicos regionais para o desenvolvimento local com o financiamento de agricultores familiares e outros pequenos empreendedores. “Essas pessoas não teriam condição de obter crédito, porque os bancos privados oferecem financiamentos com juros altos. As atuais opções políticas de governo são ultraliberais. Vemos o perdão de dívidas de bancos privados como a que aconteceu no Itaú, mas não capitalizam a Caixa para que ela possa oferecer o crédito”, disse.

“Nós estamos vivendo uma ofensiva neoliberal em seu momento mais forte no Brasil. É um momento de loucura acabar com os bancos públicos e a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Os bancos públicos são fundamentais para o país, inclusive para superar a crise econômica, como aconteceu em 2008”, completou o senador Lindberg Farias (PT/RJ), que coordena os trabalhos da Frente Parlamentar no Senado.

O professor da Unicamp e economista Luiz Gonzaga Belluzzo explanou sobre a falácia da política de austeridade que o atual governo defende. “Não é a PEC de cortes de gastos que vai fazer com que o a economia pare de desacelerar, porque não vai ocorrer um ajuste real das contas dessa maneira. A economia não estava em plena decadência, como alguns não cansam de afirmar, se observamos que o Brasil é um dos países menos endividados e que teve ganhos superavitários nos últimos anos”, disse. Belluzzo reafirmou que o Estado precisa manter o fomento ao crédito para se manter o ciclo positivo para a economia.

Fernando Nogueira, professor titular do Instituto de Economia da Unicamp, destacou que o modelo de bancos públicos fortes é utilizado em outros países de maneira bem-sucedida. São exemplos os países que formam o grupo BRICs que têm bancos públicos de importância. Ele destacou ainda a diferença de visão para o fomento ao crédito entre bancos públicos e privados: “Os bancos privados privilegiam o financiamento do setor automobilístico e cartão de crédito. Já os bancos públicos fazem financiamento em várias políticas públicas, como o setor habitacional e agricultura familiar com juros mais baixos”, retratou.

Fonte: Fenae com Contraf-CUT.

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