A Caixa anunciou nesta quinta-feira, dia 24 de maio, o balanço do primeiro trimestre de 2018 com lucro líquido de R$3,2 bilhões, o que representa aumento de 114,5% em 12 meses.

No entanto, não podemos nos deixar enganar por este número. O lucro recorde veio acompanhado da diminuição do banco. Três fatores foram decisivos para este resultado: redução de despesas com pessoal, aumento de tarifas e redução da despesa com de captação/PDD.

As despesas de pessoal apresentaram redução de 4,6%. Excluída a PLR, a queda é de 12,5% em relação ao mesmo período de 2017. O principal item que explica essa queda é a redução de gastos com salários dos funcionários, com queda de 15%.

Entre o primeiro trimestre de 2017 e o primeiro trimestre de 2018, a Caixa fechou 4.794 postos de trabalho e ainda diminuiu em 698 o número de estagiários e aprendizes. Apenas nos últimos três meses, o número de postos de trabalho fechados foi de 1.320.

Em 23 de fevereiro de 2018, a Caixa lançou um novo PDE (Programa de Desligamento de Empregados) com a expectativa de atingir 2.964 trabalhadores. De acordo com informações do banco, 1.450 empregados aderiram ao programa.

Foram fechadas 25 agências, 18 lotéricos e 1.595 Correspondentes Caixa Aqui.

Meritocracia ou estratégia de governo?

 A intermediação financeira, “core business” dos bancos, apresentou expressiva diminuição. Na ponta da captação, apenas a poupança, FGTS e depósitos judiciais tiveram incremento. Todas as outras fontes de recursos encolheram, como os CDB`s (-26,3%) e a emissão de Letras, como LCI (-20,7%). Na ponta da aplicação, o resultado não foi diferente. A carteira de crédito obteve queda de 2,1% em doze meses. A Carteira Comercial Pessoa Física (PF) sofreu redução de 11,5% em doze meses. A Carteira Comercial Pessoa Jurídica (PJ), apresentou queda maior (-25,2%), somando R$ 65,0 bilhões. A carteira de habitação com recursos da poupança (CCSBPE) caiu 5,5%. A única carteira que cresceu foi a de habitação com recursos do FGTS (CCFGTS), explorada, por enquanto, apenas pela Caixa e pelo Banco do Brasil, com um aumento de 14,8%.

A receita secundária dos bancos, de tarifas e prestação de serviços, registrou um aumento em todos os segmentos, com exceção das ligadas à concessão de crédito. O aumento da receita com as tarifas de conta corrente foi de 24,8%, muito acima do aumento no número de contas corrente, que foi inferior à 1%, reafirmando o atual posicionamento do governo e da direção do banco de afastar a Caixa do papel de regular o mercado bancário.

Neste cenário, os empregados sofrem nas unidades com as mudanças decorrentes da verticalização.  Enquanto é exigido dos empregados a formação de carteiras para manter as funções nas agências, a política do governo federal, encaminhada pela direção da empresa, aponta para o oposto, ou seja, é voltada para reduzir o tamanho da Caixa e sua participação no mercado. 

“A Caixa passou a cobrar taxas de juros e tarifas bancárias mais altas que as de mercado, em diversas linhas e produtos. Ao mesmo tempo, com a verticalização, para manter as funções nas agências, os empregados precisam ampliar sua carteira de clientes. Esse ‘reposicionamento’ é incompatível com a exigência feita aos empregados, e indica que a manutenção das funções tem mais a ver com a política que banco tem aplicado do que com o mérito dos atuais ocupantes dos cargos comissionados. No balanço divulgado pela Caixa, o próprio banco admite que o resultado é fruto de sua nova estratégia”, apontou Leonardo Quadros, diretor da APCEF/SP.

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