Serão intensificadas, em todo o país, as mobilizações contra a privatização e a reestruturação da Caixa. As ações começam nesta terça-feira (10) e incluem consultas e reuniões com os trabalhadores, além de manifestações nas agências. No dia 18, um grande ato em defesa das instituições públicas do país será realizado com a participação das centrais sindicais. As medidas têm o objetivo de impedir as mudanças planejadas pela direção da Caixa, que comprometerão a qualidade do atendimento à população e as condições de trabalho dos empregados, além de impactarem negativamente na economia dos municípios, conforme a Agência Reuters noticiou nesta sexta-feira (6), com repercussão em veículos como a Folha de São Paulo, a revista Exame e o jornal Extra

“O que o governo quer fazer com a Caixa — banco que ainda é 100% dos brasileiros — vai afetar, sobretudo, a população mais pobre, que não é atendida pelos bancos privados”, destaca o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira. “Além de comprometer a função social da instituição, que responde por 70% de todo o financiamento habitacional, chegando a 95% em alguns municípios”, acrescenta.

De acordo com o calendário de mobilizações orientadas pela Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), as manifestações vão começar com visitas a locais de trabalho; especialmente, em áreas onde foram identificadas as chamadas “medidas administrativas ou ações de abuso”, caracterizadas por descomissionamentos sumários e pela transferência arbitrária de empregados.

Reestruturação

“Qualquer alteração na rede de varejo deve ser avaliada e negociada com os empregados, com quem está na ponta do atendimento à população e aos municípios. Caso contrário, o resultado será apenas perda de qualidade não só para empregados como também para os clientes, para a sociedade brasileira”, analisa o presidente da Fenae.

Atualmente, a Caixa Econômica Federal tem 3.374 agências (em 2016, eram 3.412), 13,2 mil lotéricas e 8,7 mil correspondentes bancários exclusivos distribuídos em todas as regiões do país.“Esta capilaridade, que só a Caixa tem, facilita a vida das pessoas, aproxima o banco da população. Principalmente, nos locais mais carentes, onde os bancos privados não têm interesse de chegar”, ressalta Jair Ferreira.

Ele também alerta que a direção do banco se recusa a dialogar e negociar com a Comissão Executiva dos Empregados, o que contraria o parágrafo segundo da cláusula 47 do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2018/2020. A normativa prevê que “a Caixa se comprometa a discutir quaisquer impactos na vida funcional dos empregados, decorrentes da implantação de novos processos de trabalho pela empresa”.

Privatização

Paralelamente ao processo de reestruturação da Caixa, o governo confirmou, no segundo semestre do ano passado, que pretende vender 17 empresas; entre elas, os dois maiores bancos públicos — a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. Em relação à Caixa, o processo de privatização será realizado em partes, com a venda de suas empresas tais como loterias, seguros, cartões e Gestão de Ativos. 

No último mês de janeiro, o presidente do banco, Pedro Guimarães, confirmou que “está muito perto de começar a abertura de capital da Caixa Seguridade”. Ele também reforçou que está em vias de ser concretizada uma aliança comercial para o banco entrar no ramo de adquirência, privatizando também a área de cartões. 

“Não há dúvidas de que o atual governo pretende vender áreas estratégicas e rentáveis de um dos maiores patrimônios do país, que não está em crise. Ao contrário: a Caixa gera e distribui lucros”, destaca o presidente da Fenae. Segundo observa Jair Ferreira, em 2019, o lucro líquido da empresa foi de R$ 21,1 bilhões — o que representa um avanço de 103% em relação a 2018 (R$ 10,3 bi).

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