Aconteceu ontem, 15 de agosto, quinta-feira, o início da segunda rodada de negociação entre o Comando dos Bancários e a Fenaban. Porém, antes de prosseguir com as discussões, foi cobrado dos bancos uma solução para acabar com as causas que têm provocado o adoecimento e afastamento do trabalho.

O tema a ser discutido nessa segunda rodada de negociação seria emprego e igualdade de oportunidades. Porém, o Comando deixou claro que não haveria prosseguimento nos debates sem a resolução das questões apresentadas nas reuniões dos dias 8 e 9 de agosto.

Confira como foi a negociação

SAÚDE
A proposta dos bancos foi a criação de um grupo de trabalho para tratar dos motivos que provocam os afastamentos por saúde. “Deixamos claro que queremos chegar a uma política para que os adoecimentos em níveis epidêmicos não ocorram mais”, afirmou a presidente do Sindicato, Juvandia Moreira, uma das coordenadoras do Comando.
Ela ressaltou a necessidade do início imediato dos trabalhos desse grupo de trabalho e que ele tenha prazo para a conclusão das atividades e a apresentação imedidata das soluções para os trabalhadores. Os representantes dos bancos ficaram de discutir e dar retorno.

Juvandia acredita que os grupos de trabalho podem ser proveitosos. Ela cobra solução para o fim da pressão por metas abusivas, com cobrança diária; fim do assédio moral; plano de saúde para os aposentados; pagamento aos afastados que ainda não receberam o apto para voltar ao trabalho e assistência às vítimas de assaltos e sequestros.

ABONO-ASSIDUIDADE
Os bancos rejeitaram a reivindicação das cinco ausências abonadas no ano, referentes aos dias 31 pelos quais o bancário trabalha, mas não recebe.“Bancários do BB e da Caixa já têm, no HSBC têm o dia do aniversário. Queremos que todos tenham o mesmo direito”, reforça Juvandia.

ASSÉDIO
Atualmente, o prazo para a apuração das denúncias de assédio moral é de 60 dias. O Comando pede a redução para 30 dias. A Fenaban demonstrou a possibilidade de mudança e propôs até 45 dias. A contraproposta do Comando é até 30 dias com mais 15, se necessário, mas os bancos não aceitaram.

SEGURANÇA
No dia 20 de agosto será formada uma mesa de segurança para que os bancos apresentem dados do setor.

DESCUMPRIMENTO DA CCT (Convenção Coletiva de Trabalho)
O Comando reiterou à Fenaban o desrespeito dos bancos a clásulas da CCT como, por exemplo, a que se refere ao público-alvo para reabilitação profissional, a da proibição de transporte de valores e a divulgação de rankings de performance. Os negociadores das instituições financeiras comprometeram-se em alertar para que sejam cumpridas. O Sindicato declarou que denunciará os que desrespeitarem os direitos dos trabalhadores.

EMPREGO
O Comando apresentou os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Os dados mostram a extinção de 1.957 postos de trabalho de janeiro a junho deste ano. Se levados em conta somente os bancos múltiplos com carteira comercial (ou seja, fora a Caixa), o saldo negativo sobe para 4.890 no período.
Os bancários falaram, ainda, do salário médio da categoria, que caiu. E repudiaram as demissões para redução de custos.
Os bancos afirmaram que as demissões são um “ajuste muito pequeno”.
Para Juvandia, a ganância não leva em conta as pessoas que fazem sua riqueza aumentar: os bancários, o cliente, a sociedade da qual tanto ganham.

Os bancos rejeitaram a reivindicação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que coíbe demissões injustificadas, como as promovidas por esse setor que tanto lucra. E deixaram claro que qualquer tipo de garantia de emprego não será convencionada (tratada na CCT), mas discutida banco a banco.

“As demissões nos bancos estão diretamente relacionadas às más condições de trabalho que adoecem. Reduzem os postos de trabalho num cenário de ampliação de contas, aumento das operações de crédito. Os bancários têm dificuldade até para almocar, ir ao banheiro. Isso tem de acabar. Os bancos continuam lucrando muito, precisam parar de demitir e contratar mais”, afirmou Juvandia.

JORNADA
Foi cobrado dos bancos uma solução para o fim da extrapolação que causa danos à saúde dos empregados. Os bancos reconheceram o problema, mas não apresentaram nenhuma medida.

MANUTENÇÃO SALARIAL
O Comando foi incisivo na questão da manutenção dos salários dos trabalhadores que voltam do afastamento. Não será aceito redução salarial.

No caso dos bancos públicos, os afastados perdem a comissão. Os privados muitas vezes demitem o trabalhador que volta de afastamento. Para a Fenaban, isso é um processo natural: não devem pagar função para quem não a exerce. “Isso é um absurdo, inaceitável. O trabalhador adoece no exercício da função e depois é descartado? Vamos combater essa lógica perversa”, completa a presidente do Sindicato.

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