Da CNB/CUT, por Fábio Jammal Makhoul

Depois de ouvir uma série de críticas contra a decisão unilateral de criar a função de caixa de ponto-de-venda, a Caixa Econômica Federal aceitou hoje retomar as negociações.
A Comissão Executiva dos Empregados (CEE-Caixa) afirmou que a empresa estava rompendo com o processo e gerando uma crise ao anunciar os critérios para nomeação do novo cargo sem consultar o movimento sindical bancário. A direção do banco voltou atrás e já marcou uma nova rodada em quinze dias para discutir os critérios com base nas reivindicações apresentadas na mesa.
“Estávamos no meio do processo negocial, quando a Caixa divulgou a Circular Interna 003/06, da Super/Suare, que pegou todos nós de surpresa. Agora vamos batalhar para que a empresa cumpra o que foi negociado na Campanha Nacional, pois o Acordo Coletivo garante a nossa participação na elaboração dos critérios de nomeação dos caixas” – afirmou Plínio Pavão, secretário de Saúde da Confederação Nacional dos Bancários (CNB/CUT) e coordenador da CEE-Caixa.
A Comissão dos Empregados já aproveitou o encontro para apresentar uma série de itens importantes que espera ver contemplada. A Caixa prometeu analisar e responder no próximo encontro.
Entre as principais questões está a dotação de caixas nas agências. Durante a Campanha Nacional, o banco chegou a divulgar que abriria aproximadamente 7,6 mil vagas em janeiro. Só que agora divulgou uma lista em que diminui o número de dotações em uma série de agências, em alguns casos em mais de 50%. O número de vagas abertas cairia para 6 mil e, de acordo com a CI, o pessoal excedente seria remanejado para outras agências no prazo de 60 dias.
“Nós discordamos dessas transferências e, pelo levantamento que fizemos, existem 329 pessoas nesta situação. A Caixa não havia falado em transferência durante as negociações e não podemos admitir, pois ela limita o prazo para realocar o funcionário em 60 dias. E se por qualquer problema isso não ocorrer? A Circular Interna não explica, mas o processo dá margem para destituições” – disse Plínio. A CEE-Caixa cobrou que a Caixa mantenha os funcionários nas suas agência e não faça as transferências.
A redução, para Plínio Pavão, vai atingir agências importantes e pode comprometer o trabalhador. Na agência Sé, na capital, por exemplo, a Caixa pretende reduzir o número de caixas efetivos de doze para seis. Em Fortaleza, há dois casos gritantes: em Iracema (de 9 para 5) e na Praça do Ferreira (de 10 para 7). O PAB Justiça Federal de São Paulo seria reduzido de seis para três caixas, o PAB da Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro de 4 para 1, a agência central de Campina Grande (Paraíba) de 11 para 7, e a agência Miguel de Frias, em Niterói, sofreria uma redução de 3 para 1, entre muitos outros caos.
“Além de trazer problemas para os bancários, do ponto de vista do atendimento esta decisão da Caixa também é crítica. A empresa pretende fazer o mesmo que fez quando foi implementado o famigerado MOPV, ou seja, empurrar o cliente para fora das agências, obrigando-os a enfrentar o auto-atendimento ou uma casa lotérica. É um retrocesso” – lamentou Plínio.

• Critérios

Embora a CEE-Caixa concorde com os critérios estabelecidos para o Banco de Habilitados, os representantes dos empregados querem que as pessoas que tenham formação de caixa, mesmo sem ter exercido a função, sejam incluídas. A CI exclui esse pessoal, só dando chance para quem já trabalhou em caixa.
A empresa argumentou que sem experiência em caixa, o empregado não pode ter prioridade no Banco de Habilitados. A CEE-Caixa propôs, então, o estabelecimento de uma ordem de prioridade: maior tempo de exercício de caixa, dias na agência e maior tempo de empresa.
“Queremos ainda que os critérios de nomeação respeitem o Banco de Habilitados pela ordem de classificação. A CI permitia que gerente também escolhesse, o que deixa os critérios bastante subjetivos” – afirmou.
A CEE-Caixa também quer mudar as atribuições do caixa, dentro do RH 060 (normativo que define os cargos). “O caixa não pode ser um vendedor, que vai ser cobrado por metas. A atribuição fundamental do cargo é pagar e receber. Vamos fazer uma proposta de redação para as atribuições e encaminharemos para a Caixa estudar” – explicou Plínio.

• Técnicos Sociais

A Caixa informou durante as negociações que está implantando a promoção dos Técnicos Sociais, garantindo a manutenção da lotação e a jornada de oito horas para os que já exerciam a função.
A CEE-Caixa reivindicou que a empresa incluísse nas promoções dezesseis Técnicos Sociais de nível Pleno que ainda não concluíram o curso de pós-graduação (exigência do RH 060), excepcionalmente e a partir da assinatura de um termo de compromisso.
A Caixa também informou que já abriu o Processo de Seleção Interna (PSI) para as vagas de Técnico Social Júnior excedentes, com jornada de oito horas.

• Renegociação das dívidas

A CEE-Caixa aproveitou o encontro com a direção da Caixa para cobrar uma resposta sobre a renegociação da dívida dos empregados. O banco novamente disse que está finalizando uma proposta e que apresentará em breve.
“Foi a mesma resposta que estamos ouvindo já há algum tempo. A Caixa está nos enrolando e o tema é muito importante para o funcionalismo. Existem muitos endividados só esperando uma proposta da Caixa para acertar seus débitos” – concluiu Plínio Pavão.

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