Mais respeito e valorização. Esta foi a cobrança dos representantes dos empregados durante negociação da mesa permanente na terça-feira (24), em Brasília. Esta foi a primeira reunião deste ano. A Contraf-CUT e a CEE-Caixa protestaram contra as medidas unilaterais que visam encolher o banco e restringir os direitos dos empregados. Veja alguns dos assuntos debatidos na reunião:

PCDs – A representação nacional dos empregados reivindicou posição da Caixa sobre a recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) em torno da contratação de pessoas com deficiência (PCDs). Os interlocutores do banco disseram que continuam estudando a melhor alternativa para cumprir a orientação do TCU. Este tema, aliás, consta também no Acordo Coletivo de Trabalho 2016/2018. Informaram, ainda, que o número de contratados por PCDs é de apenas 2% do total estabelecido e que, hoje, não há condições de alcançar o patamar mínimo legal de 5%.

Saúde do Trabalhador – Foi cobrada a construção de uma política nacional de enfrentamento dos problemas provocados pelo grande volume de adoecimentos de trabalhadores dentro da empresa. A precarização das condições de trabalho devido à falta de empregados, cobrança de metas abusivas e jornada extenuante, além das ameaças de retirada de função e transferências compulsórias está causando o adoecimento de praticamente todo o quadro de pessoal.

Reestruturação – O novo modelo de reestruturação, lançado dia 19 e denominado Programa Eficiência, também fez parte da pauta da negociação.
A Caixa não apresentou detalhes sobre as medidas que pretende adotar. Informações preliminares sobre o programa apontam que o processo irá afetar áreas estratégicas para o papel social do banco, como programas sociais, habitação e FGTS.

Funcef – Os representantes dos trabalhadores reiteraram o pedido de instalação de um grupo de trabalho para tratar de assuntos relacionados à Funcef e cobrou solução para o contencioso judicial, cuja postergação representa um risco para a sustentabilidade dos planos de benefícios.

Saúde Caixa – O Saúde Caixa é o plano de grande porte do país com mais reclamações por beneficiário, conforme ranking divulgado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). São 8,69 ocorrências para cada 10 mil usuários. A Caixa afirmou haver perspectiva de a empresa sair do ranking da ANS a curto prazo, devido a mudanças implementadas em toda a sistemática de funcionamento do plano de saúde. Informou também que foram criados novos canais de atendimento, assim como foram oferecidos cursos de reciclagem para as equipes de atendentes.

Verticalização – A Contraf-CUT e a CEE-Caixa cobraram, mais uma vez, esclarecimentos sobre o processo de verticalização. A empresa mudou o modelo de segmentação dos clientes Pessoa Jurídica e Pessoa Física, o que vem impactando diretamente os empregados, a ponto de muitos que prestam atendimento social estarem sendo direcionados para a prospecção de clientes de alta renda e para a venda de produtos, repetindo a estratégia das instituições privadas.
A justificativa da Caixa foi a mesma de sempre: redução de custos.

Loterias e ameaça de leilão – Foram cobrados esclarecimentos a respeito do leilão de produtos da Loteria Instantânea (Lotex), responsável pela “raspadinha”, cujo processo encontra-se em andamento. A informação é de que muitas empresas nacionais e estrangeiras estão habilitando-se a participar desses leilões, inclusive a Caixa Instantânea Sociedade Anônima.
A Contraf-CUT e a CEE-Caixa lembraram que, já há algum tempo, foi deflagrado um processo de sucateamento de empresas, bens e serviços públicos, muito parecido com o que ocorreu durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, nos anos 90. Por isso, os esclarecimentos sobre o leilão para a concessão de produtos da Lotex fazem-se necessários na luta para evitar retrocessos contra a Caixa 100% pública.

Time de vendas – A representação nacional dos trabalhadores questionou também o chamado “time de vendas”, que expõe individualmente os empregados e atua como uma forma disfarçada de ranqueamento. Os casos não são localizados.
A Caixa disse que o gestor tem acesso aos dados de toda a equipe, mas não pode divulgar o ranking dos empregados que fazem parte de sua equipe.

CPA-20 – Em relação ao CPA-20, a principal preocupação das entidades representativas é com a ameaça de descomissionamento arbitrário de empregados. O prazo para validação das certificações deve ser prorrogado pelo menos até meados de maio. “A exigência de CPA-20 para todos os gerentes de carteira é uma arbitrariedade da gestão. Não é prática dos demais bancos, um ataque direto aos empregados do banco”, explica o diretor da APCEF/SP Edvaldo Rodrigues.
“Nossa melhor resposta para essa política de ataque aos direitos dos trabalhadores é a mobilização”, convoca o diretor-presidente da APCEF/SP, Kardec de Jesus Bezerra.
Uma nova reunião com o banco foi agendada para 23 de maio (a confirmar). Um dos destaques da pauta será a questão relacionada ao pagamento do adicional de insalubridade para os avaliadores de penhor.

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