Da CNB/CUT

Após 30 dias de muita luta, a grande maioria dos bancários decidiu, em 14 de outubro, suspender a greve por uma semana. Das 24 capitais que aderiram ao movimento, 21 voltam ao trabalho normalmente em 15 de outubro. Apenas Florianópolis decidiu continuar a greve, enquanto o Acre avalia na sexta-feira. Até as 22 horas, a assembléia de João Pessoa ainda não havia terminado. “Esta decisão é mais uma tentativa dos trabalhadores de quebrar a intransigência dos banqueiros e reabrir as negociações” – explicou o presidente da CNB/CUT, Vagner Freitas.
Na próxima quarta-feira, dia 20, os sindicatos voltam a realizar assembléias e, caso não haja avanços até lá, os trabalhadores podem retomar a greve. Os bancários também agendaram um Dia Nacional de Luta para quinta-feira, dia 21, com paralisações e manifestações.
A decisão de suspender a greve partiu da Executiva Nacional dos Bancários, após avaliar os 30 dias de paralisações e a intransigência dos banqueiros, além da tentativa equivocada de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho. “A inoportuna tentativa criou falsas expectativas em setores da categoria que acabou sendo frustrada. Na própria quarta-feira, dia 13, cinco capitais decidiram suspender a greve, que acabou pesando na nossa decisão. Agora esperamos resolver o impasse antes do dia 21, quando o TST deve julgar o dissídio. Ainda acreditamos que a saída é a negociação e vamos batalhar muito esta semana para evitar a intervenção da Justiça” – explicou.
Vagner reforçou que a solução para o impasse deve ser negociada e valer para toda a categoria e não apenas para um segmento conforme querem os divisionistas e a ala radical. “Queremos uma solução antes do julgamento que pode ser ainda mais prejudicial à categoria” – afirmou.
Hoje, dia 15, a Executiva Nacional dos Bancários enviou mais um ofício à Fenaban e para as direções dos bancos públicos a fim de solicitar a imediata reabertura das negociações e o debate dos temas específicos. “Ainda reivindicamos o não-desconto dos dias parados e se os banqueiros não atenderem as nossas reivindicações, vamos retomar a greve a partir do dia 21” – garantiu.

Greve histórica – Há exatamente um mês, em 14 de setembro, os bancários iniciavam a greve que se tornaria a mais longa da história da categoria no Brasil. O movimento começou em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Florianópolis e foi ganhando força nos dias seguintes com a adesão de 24 das 27 capitais brasileiras e centenas de cidades do interior.
Durante 30 dias, os bancários dominaram o noticiário nacional e até o exterior, com destaque para o jornal de economia inglês Financial Times. Com a greve, os bancários conseguiram colocar em pauta a ganância dos banqueiros que, mesmo com os lucros exorbitantes, se negaram a reabrir as negociações e mantiveram a proposta de 8,5% de reajuste, índice incomparável com os 1.039% de crescimento da lucratividade dos maiores bancos na última década.
Com 30 dias de greve, os bancários ainda fizeram história: a mais longa paralisação da categoria no País. A maior greve nacional, até então, havia durado 19 dias, na Campanha Salarial de 1946. O movimento de 2004 é a 11º greve nacional dos bancários. A última paralisação geral foi em 1991.

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