Confira nota divulgada pela Executiva Nacional dos Bancários em 6 de outubro.

Os bancários estão parados há 22 dias. Já é a mais longa greve nacional da categoria realizada no Brasil. Os trabalhadores do sistema financeiro estão paralisados porque os bancos, o setor que há várias décadas embolsa os mais altos lucros da economia brasileira, recusam-se a atender suas reivindicações, que incluem reajuste salarial de 19%, R$1.500 de abono, igualdade de direitos para todos e ampliação do horário de atendimento ao público das 9 às 17 horas, com duas turmas de trabalho para geração de mais emprego. Os bancos oferecem 8,5% a 12,77% de reajuste e mantêm a política de demissão.
A greve nacional dos bancários está num impasse porque enfrenta uma estranha e poderosa aliança: de um lado os bancos privados, estes sob o comando da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). De outro, sob o comando do governo federal, os bancos públicos e os federalizados, com a interveniência do Poder Judiciário os quais, ao invés de buscar o diálogo para construir uma solução negociada, preferem adotar medidas truculentas que visam claramente aniquilar e humilhar o movimento sindical bancário, violando o direito constitucional de greve e colocando em risco a própria democracia.
Caso similar e de triste memória ocorreu durante o governo FHC, quando a justa greve dos petroleiros foi destroçada pelo mesmo poder dominante que se uniu buscando quebrantar os sindicatos e os grevistas, utilizando os mesmos métodos policialescos.
A intransigência descabida do segmento mais privilegiado da economia parte não apenas dos bancos privados altamente lucrativos como o Bradesco, Itaú, Unibanco, ABN/Real e HSBC, dentre outros, mas também do governo federal, principal acionista do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste. Além de não negociar, as direções dos bancos públicos estão exercendo violenta pressão sobre seus funcionários, em telefonemas para suas residências, ameaçando-os para que retornem ao trabalho, com assédio moral diário.
Os bancos públicos estão adotando métodos coercitivos e truculentos só empregados em governos que não têm compromisso com a classe trabalhadora. Hoje são rapidamente acionados a Polícia Militar, a Polícia Federal para intimidar e agredir os bancários em greve. A demonstração de força da PF, armada de fuzis, metralhadoras, máscaras e bombas de gás na porta da Matriz da Caixa em Brasília, na última terça-feira, mancha de forma vergonhosa a imagem da direção da empresa e do governo federal.
Em parceria com a Justiça, os bancos privados e públicos estão empregando ainda o antidemocrático instrumento do interdito proibitório para impedir o direito constitucional de greve. O interdito proibitório é um dispositivo jurídico criado para garantir o direito de propriedade de bens sob ameaça de ocupação. Não é o caso da nossa greve. Mesmo assim, os bancos utilizam-se dessa farsa e, mais grave, a Justiça corrobora, num flagrante desrespeito à Constituição.
Os bancários estão particularmente decepcionados e indignados com o comportamento do governo federal, que está traindo seu discurso e seus compromissos ao empregar essas práticas anti-sindicais contra um movimento legítimo dos trabalhadores do ramo financeiro.
Lutando contra o poder econômico, a categoria tem resistido com dignidade conquistada na greve e nas lutas diárias contra o opressor.

Continuamos na luta.

Executiva Nacional dos Bancários

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