No final de 2020, uma funcionária graduada da Caixa Econômica Federal denunciou ao deputado Ubiratan Sanderson (PL/RS), então vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, que havia sofrido assédio sexual cometido por Pedro Guimarães, ex-presidente do banco. Segundo reportagem do portal Metrópoles, o deputado confirmou ter conversado com a empregada da Caixa e ouvido o relato de assédio, mas desconsiderou a denúncia e pediu provas.

O Metrópoles informou que a denúncia foi feita em um café na Asa Sul de Brasília. A empregada disse que, durante uma viagem de trabalho ao Amapá, Guimarães se aproximou e a tocou sem sua permissão. Depois, teria mandado recados estranhos durante uma viagem à Paraíba. Após a recusa do assédio, a vítima passou a ser perseguida dentro do banco, mesmo tendo bom desempenho profissional. O deputado foi o escolhido para receber a denúncia porque a vítima tinha contato com ele.

“O deputado se omitiu diante do depoimento da vítima. Preferiu desconsiderar a denúncia e exigir provas de um caso que, sabemos, é feito de maneira a não deixar vestígios”, criticou o dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Rafael de Castro.

A diretora executiva da Contraf-CUT, Eliana Brasil, lembra que já faz 90 dias que o escândalo estourou na imprensa e levou à queda de Pedro Guimarães. “Na ocasião, Daniella Marques, que substituiu Pedro na presidência do banco, buscou logo apaziguar os ânimos dizendo que haveria apuração rápida e rígida. A esperança das empregadas e dos empregados é que ela não venha com a mesma desculpa dada pelo deputado e tampouco segure a divulgação dos resultados para evitar prejuízos político-eleitorais para o atual governo”, disse. “A Caixa é maior do que tudo isso e não pode ter sua imagem arranhada por interesses escusos”, completou.

“As empregadas, empregados e a sociedade como um todo querem saber se as denúncias procedem. Precisamos de resposta e não podemos mais atrasá-las, sob risco de que casos assim se repitam, haja vista a posição de representante eleito, que recebeu denúncia e nada fez para interferir, permitindo que a coisa chegasse onde chegou”, afirmou Rafael de Castro. “Ainda mais que esta demora pode se dar em virtude de campanha eleitoral, o que demostra que o banco pensa e age como cabo eleitoral do governo”, completou.

Pedidos de informação – As empregadas e empregados cobram resposta, pois a comissão de investigação criada pela nova presidenta da Caixa para apurar o caso tinha 90 dias para apresentar os resultados da investigação. No dia 16 de setembro, a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), enviou ofício à Caixa solicitando informações. Até o momento o banco não respondeu ao ofício.

Assédio sexual é crime! – O presidente da Fenae, Sergio Takemoto, lembra que, no Brasil, o assédio sexual é crime, definido no artigo 216-A do Código Penal, que prevê a pena de detenção de um a dois anos.

“Se apurada e comprovada a culpa, não se pode ‘passar a mão na cabeça’ somente porque trata-se de um ex-presidente do banco. Se é culpado, deve responder na Justiça comum pelo que fez, uma vez que o assédio sexual é um crime com pena prevista no Código Penal”, disse o presidente da Fenae. “Além disso, a legislação trabalhista também prevê indenização para reparação do dano causado às vítimas”, completou.

Compartilhe: