O ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães, pode ser investigado por mais um crime e mostrar as consequências desastrosas de sua gestão no banco. Na última semana, o deputado federal Guilherme Boulos (Psol/SP) acionou a Polícia Federal e o Ministério Público para investigar a responsabilidade de Guimarães no impedimento da construção de moradias populares em São Sebastião/SP. A região foi atingida por fortes chuvas que provocaram deslizamentos de terra e causaram dezenas de mortes.

As ações, que também incluem o ex-secretário de comunicação do governo Bolsonaro (PL), Fabio Wajngarten, pedem a investigação dos dois pelo suposto crime de Advocacia Administrativa – uso de cargo público para atender a interesses privados.

“Eu entrei hoje com uma ação na Polícia Federal e no Ministério Público Federal contra o senhor Fabio Wajngarten, que era ministro de Bolsonaro, e o ex-presidente da Caixa, o assediador Pedro Guimarães. […]. Ambos fizeram conluio e se articularam para impedir a construção de moradias populares na região [São Sebastião]”, disse Boulos em pronunciamento no plenário da Câmara. O deputado informou que o ex-secretário tem propriedade em Maresias, que fica no município de São Sebastião.

Na ação (clique aqui), Boulos cita a reportagem do jornal O Globo, que divulgou vídeo de Wajngarten em uma reunião com proprietários de imóveis de luxo de Maresias. Nela, o ex-secretário pede para os moradores aproveitarem a sua posição no governo para impedir a construção das casas para a população de baixa renda.

O empreendimento realmente não saiu do papel. Segundo a reportagem, cinco dias após a reunião de Wajngarten com os moradores, a Caixa vetou o projeto e alegou falta de recursos para custear 400 moradias destinadas à faixa 1 do programa Minha Casa Minha Vida, que contemplava pessoas com renda familiar mensal de até R$ 1,8 mil.

Para o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto, a denúncia mostra a face cruel de Guimarães e do governo Bolsonaro. “O direito à habitação digna foi uma política social extinta no governo Bolsonaro, que sempre demonstrou desprezo à população de baixa renda – tanto que excluiu estas pessoas do programa Casa Verde Amarela”, lembrou. “Este é mais um triste capítulo na história da Caixa, que é o banco social que garante a moradia para esta população. Estamos atentos e vamos acompanhar os desdobramentos da denúncia”, informou o presidente da Fenae.

 

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