Nesta quinta-feira (10), centenas de trabalhadores e trabalhadoras se reuniram na Avenida Paulista, em São Paulo, para cobrar o fim da jornada 6×1 e exigir mais justiça no sistema tributário brasileiro. O protesto, realizado em frente ao MASP, fez parte de uma mobilização nacional convocada pela CUT e por movimentos sociais como as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. A Apcef/SP esteve presente, ao lado de outras entidades do movimento sindical bancário.
A pauta teve como eixos principais a revogação da escala 6×1, que vem se espalhando em diferentes categorias, e o apoio ao Projeto de Lei 1.087/2025, que propõe mudanças na cobrança do Imposto de Renda. O projeto prevê isenção total para quem recebe até R$ 5 mil por mês, descontos para salários de até R$ 7 mil e aumento na tributação de quem ganha acima de R$ 600 mil por ano.
Para Edvaldo Rodrigues, diretor de Imprensa da Apcef/SP, as duas pautas estão conectadas pela busca por mais justiça social. “A ampliação da jornada 6×1 impõe desgaste físico e emocional aos trabalhadores e precisa ser combatida. Ao mesmo tempo, temos um sistema de impostos injusto, onde quem ganha menos paga proporcionalmente mais. O PL 1.087 é um passo essencial para reverter isso e redistribuir melhor a carga tributária no país”, afirmou.
A escala 6×1, que obriga o trabalhador a folgar apenas uma vez por semana, vem sendo utilizada por empresas como forma de reduzir custos e ampliar a produtividade às custas da saúde e do tempo de vida da classe trabalhadora. Durante o ato, manifestantes denunciaram os impactos dessa jornada, que precariza o trabalho e compromete a convivência familiar e o direito ao descanso.
Já no campo tributário, o modelo atual concentra a arrecadação em impostos sobre o consumo – que afetam desproporcionalmente os mais pobres – e mantém uma série de isenções e brechas para os mais ricos. Um estudo da Oxfam Brasil revela que os mais pobres pagam, proporcionalmente, até três vezes mais do que a pequena parcela da população que recebe acima de R$ 600 mil por ano.
A proposta de reforma do Imposto de Renda em discussão no Congresso enfrenta resistência justamente por prever um imposto mínimo para os super-ricos. Ainda assim, especialistas apontam que a aprovação do PL traria impactos positivos na economia, com aumento do consumo e da circulação de renda.
Os empregados da Caixa sabem, na prática, o que está em jogo. Durante o governo anterior, tentativas de flexibilizar direitos ameaçaram o modelo atual de jornada de 6 horas e a escala 5×2, por meio das MPs 905 e 1.045 e do PL 1.043/2019. Essas iniciativas foram barradas graças à mobilização da categoria, que conseguiu manter suas conquistas. Por isso, apoiar a luta de outras categorias por melhores condições é essencial para fortalecer a resistência coletiva e impedir que novos ataques avancem.