A agência Reuters destacou nesta segunda-feira (29) entrevista do presidente eleito Jair Bolsonaro à TV Record no qual ele confirma a intenção de aprovar pelo menos parte da reforma da previdência ainda este ano e iniciar as privatizações pelas estatais que estão deficitárias. Disse, ainda, que as empresas públicas que não cumprirem metas serão vendidas à iniciativa privada.

O economista Paulo Guedes, futuro ministro da Fazenda de Jair Bolsonaro, havia afirmado no domingo (28), logo após o término das eleições, que o governo irá focar em três grandes itens: a prioridade será a reforma da previdência.

Segundo o economista, o segundo item do controle de gastos públicos será a redução das despesas de juros da dívida pública e, para isso, irá acelerar as privatizações. A ideia é amortizar as dívidas utilizando recursos provenientes da privatização das estatais, que Paulo Guedes estima em R$ 700 bilhões.
O terceiro é uma reforma do estado, sobre os gastos com a máquina pública. “Nós vamos ter que reduzir privilégios e desperdícios”, explicou.

Quem é Paulo Guedes – Nascido no Rio de Janeiro, Paulo Guedes se formou na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e fez mestrado e doutorado na Universidade de Chicago (EUA), berço do neoliberalismo econômico.

Defensor da menor participação possível do Estado na economia, nunca ocupou cargo público nem fez parte de equipe econômica de governo. Foi um dos fundadores do Banco Pactual (atual BTG Pactual), entre outras tantas empresas que atuou.

É alvo de investigações do Ministério Público Federal (MPF) que apuram possíveis “crimes de gestão temerária ou fraudulenta de investimentos vindos de fundos de pensão”. Segundo o MPF, fundos de pensão de estatais aplicaram em dois fundos de investimentos administrados por uma empresa de Paulo Guedes e perderam R$ 200 milhões.

Outra investigação refere-se a dois fundos de investimentos criados por ele, com promessa de receber R$ 1 bilhão de fundos de pensão. A investigação não aponta quanto deste dinheiro foi, de fato, investido.

Banco Central – A Agência Brasil (EBC) publicou nesta terça-feira (30) que Paulo Guedes defendeu, mais uma vez, a independência do Banco Central, com mandato de presidente não coincidente com o do presidente da República, e disse que seria natural que o atual presidente Ilan Goldfajn, indicado por Temer, permanecesse no cargo.

Polêmicas – Antes da eleição, Bolsonaro contestou propostas do economista como a privatização de todas as estatais. O presidente eleito afirmou ser a favor da privatização somente de empresas que dão prejuízo. No plano de governo registrado no Tribunal Superior Eleitoral, Bolsonaro não detalha quais estatais serão privatizadas.

“Vamos continuar defendendo que a Caixa cumpra sua missão social, que continue sólida e 100% pública”, disse o diretor-presidente da APCEF/SP, Kardec de Jesus Bezerra. “Nossa luta em defesa do banco público e dos direitos dos trabalhadores é permanente”, finalizou.