Resistência. Esta foi a palavra que marcou os discursos na abertura conjunta do 33º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal (Conecef) e do 28º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (CNFBB), realizada neste sábado, 1, no Hotel Holiday Inn, em São Paulo. Os eventos prosseguem até este domingo (2) com debates sobre a defesa das empresas públicas e da democracia, melhorias nas condições de trabalho, saúde do trabalhador, entre outros temas.

Para os dirigentes sindicais e do movimento associativo, é preciso unidade e resistência para fortalecer a luta contra a nova ofensiva neoliberal, que mira na privatização das empresas públicas e na retirada de direitos.

“Já passamos momentos difíceis e superamos graças a nossa capacidade de mobilização. Não podemos deixar que o golpe contra a classe trabalhadora, contra o povo brasileiro e os bancos públicos, seja consolidado”, destacou o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira.

Segundo ele, é preciso defender a Caixa cada vez mais pública e que respeite os direitos dos seus trabalhadores. “A luta tem de continuar firme. Tenho certeza que a conjuntura atual será superada também”, disse Jair, lembrando que a principal pauta do 33º Conecef e do 28º CNFBB é a defesa dos bancos públicos. “Vamos sair desses congressos com uma bela campanha em defesa da democracia desse país”, afirmou.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Roberto von der Osten, ressaltou a importância da organização dos bancários para enfrentar a conjuntura de ataque aos direitos da classe trabalhadora e às empresas públicas, especialmente à Caixa, ao Banco do Brasil e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“Somos uma categoria extremamente organizada e aguerrida. A primeira que se movimentou depois do golpe ocorrido no ano passado, que, com uma greve de 31 dias, arrancou uma convenção de dois anos já prevendo a dura realidade que íamos enfrentar. Graças aos companheiros da base, que aderiram à mobilização da greve e depois responderam a todos os chamados das centrais sindicais neste ano, isto vai continuar. Vamos mostrar para o Congresso Nacional que a população não os aceita e não quer saber de retirada de direitos, porque direito não se retira, se amplia”, disse o presidente da Contraf-CUT.

O coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa), Dionísio Reis, destacou a capacidade de luta dos trabalhadores do banco. “ Os empregados da Caixa construíram uma grande mobilização nos anos 1980 para serem reconhecidos como bancários e ter direito à sindicalização, o que nos assegurou a jornada de seis horas”.  Disse ainda que a mobilização da categoria foi fundamental nos anos 1990 quando os trabalhadores tiveram direitos retirados pelo governo FHC e a empresa esteve ameaçada de privatização.

Dionísio lembrou ainda que as discussões que acontecerão nestes dois dias são importantes não apenas para a categoria, mas para toda a classe trabalhadora e para a sociedade de modo geral. “Precisamos impedir as reformas e o desmonte dos bancos públicos. A solução para sairmos dessa crise está nos bancos públicos. Temos que dialogar com a população e com o empresariado para mostrar a importância dos bancos públicos para o desenvolvimento econômico e social do nosso país”, ressaltou o dirigente.

A vice-presidenta da Contraf e presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, também destacou a importância da paridade de gênero dos congressos. “É muito bom ver nesses congressos a representação paritária. Isso é um avanço no momento que vemos um congresso misógino, que acha que o lugar da mulher é no supermercado fazendo compras. O lugar da mulher é em todo lugar. Precisamos discutir como impedir o desmonte das empresas públicas e as reformas trabalhista e da Previdência, mas também precisamos lutar para que a representação das mulheres também seja respeitada pelos bancos nos cargos de direção e na sociedade como um todo”, destacou Juvandia.

Os congressos dos empregados da Caixa e do Banco do Brasil estão sendo acompanhados por representantes da La Bancaria Sociedad de Empleados de Banco, entidade da Argentina. Sergio Garzon, lembrou que “é na luta que conseguimos nossas conquistas. Aqui, ou na Argentina, para vencermos o bloqueio dos meios de comunicação, levarmos a consciência social e atingimos a classe política, é muito importante nos mantermos unidos”, disse.

Resistência

Os representantes das diversas forças políticas que compõem o movimento sindical e bancário reforçaram a necessidade de mobilização e resistência contra o golpe.

O secretário geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, lembrou que a primeira greve geral no Brasil completa 100 anos este mês e ressaltou: “A reforma trabalhista acaba com concursos públicos, libera a terceirização, afronta nossos direitos. Temos de impedir a aprovação, a entrega dos bancos públicos”.

A representante da CSP-Conlutas Juliana Donato lembrou que as mulheres são as mais afetadas pelas reformas do governo Temer. “É importante que as mulheres ocupem espaço na sociedade e na luta e façam valer a paridade de fato. As reformas atingem principalmente as mulheres”, reforçou.

Augusto Vasconcelos, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), ressaltou que as mudanças propostas pelo governo são o maior ataque à legislação trabalhista dos últimos 70. “Bancos públicos fortes não interessam aos grandes empresários, aos bancos privados. Temos de fazer parte da população que não aceita passar para a história sem fazer nada, que se acomodou”, reforçou.

Gilmar Aguirre, da CSD, também destacou a importância da luta e da união de forças: “Nos anos 90 sofremos ataques e superamos. Agora querem destruir todos os nossos direitos, precisamos fortalecer-nos ainda mais”.

“Esses Congressos são realizados há mais de 30 anos, muito já foi conquistado, com a união dos trabalhadores. Muitas pautas sequer eram debatidas. A luta se renova e há sempre a possibilidade de avanços”, destacou Sérgio Farias, da Fetrafi RJ/ES.

A representante da Feeb SP/MS, Maria do Carmo, lembrou que São Paulo é um exemplo do que querem fazer com o Brasil: “Aqui tudo foi vendido. Só que a privatização não gerou emprego nem renda, como querem que a população acredite. Se a gente não acordar agora para a luta pode ser tarde demais”.

Fonte: Fenae.

Foto: Jailton Garcia (Contraf)

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