Em reunião realizada na tarde desta quinta-feira (21), de maneira virtual, a diretoria executiva e Conselho Deliberativo Nacional (CDN) da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), debateu os principais apontamentos do Dossiê Covid no Trabalho – projeto de pesquisa apoiada pela Federação e desenvolvida pelas universidades de São Paulo (USP), Estadual Paulista (Unesp) e Federal do Pará (UFPA).  

Apresentado pela pesquisadora Maria Maeno, doutora em Saúde Pública pela USP e uma das integrantes do grupo de especialistas que atuam na pesquisa, o dossiê revelou que 85% dos empregados entrevistados mantiveram, em plena pandemia, contato próximo entre trabalhadores e clientes, com menos de dois metros de distância.  

Maeno ressaltou que por conta dos fatores de maior risco identificados nas respostas dos empregados da Caixa – falta de ventilação adequada e contato próximo entre as pessoas – é fundamental que os gestores do banco assegurem medidas de biossegurança nas agências, incluindo a manutenção dos aparelhos de ar-condicionado e a necessidade de reforçar o uso de máscaras “uma vez que o principal meio de contágio pelo novo coronavírus é a via aérea”, disse a pesquisadora. 

Para o presidente da Fenae, Sergio Takemoto, a pesquisa é de extrema importância, pois é um suporte técnico que visa assessorar a luta em defesa da vida dos trabalhadores e dos empregados da Caixa. “Além de ouvir os trabalhadores neste momento extremamente difícil causado pela pandemia, o dossiê busca apurar a verdade de uma realidade muito preocupante para os empregados da estatal e também para a população, que procurou o banco público por conta do auxílio emergencial e outros programas sociais”, afirmou Takemoto. 

Dossiê – Maior visibilidade entre a atividade profissional e o adoecimento por contaminação pela pandemia 

Os empregados da Caixa participaram do Dossiê Covid por acordo de cooperação entre a Fenae e a Associação de Saúde Ambiental e Sustentabilidade (Asas). Foram ouvidos 652 trabalhadores do banco em todas as regiões, dos quais 198 (30%) responderam que contraíram Covid-19, sendo que 128 (65%) acreditam que se infectaram no trabalho. 

Com o objetivo de dar visibilidade sobre a relação entre a atividade profissional e o adoecimento por contaminação pelo coronavírus, o Dossiê Covid apontou como um dos agravantes, no caso da Caixa, que quase 80% dos contaminados não tiveram o reconhecimento da doença relacionada ao trabalho, com a emissão da CAT.   

Pesquisa – O Dossiê Covid no Trabalho tem a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Unesp e o apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT) de Campinas (SP). Além de produzir um amplo estudo sobre os trabalhadores e a pandemia nos seus diferentes aspectos, a pesquisa — em curso até quando durar a pandemia — também fornecerá dados e histórias para a produção de um documentário.    

Os dados da pesquisa correspondem à segunda fase de resultados preliminares do Dossiê Covid no Trabalho e abrangem o período entre novembro de 2020 e agosto de 2021. 

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