Os temas da mesa de negociação desta quinta-feira, 4 de agosto, foram Saúde Caixa e Funcef. No entanto, ao iniciar o debate a respeito do Saúde Caixa, dadas as apresentações da empresa sobre o plano e a importância dos problemas levados pelos representantes dos trabalhadores, a extensão da reunião ficou toda para o primeiro tema. 

Sobre a Funcef o debate será na próxima mesa específica, agendada para dia 10 de agosto.

O coordenador da representação dos trabalhadores, Clotário Cardoso, criticou a centralização do plano e cobrou o retorno das estruturas de Gestão de Pessoas (Gipes) nos estados. “Nossa reivindicação é pela descentralização no atendimento do Saúde Caixa, o retorno da Gipes e dos comitês de credenciamento e descredenciamento”, destacou Cardoso, coordenador da Comissão. 

“Os problemas do Saúde Caixa são sistêmicos, que se repetem em todas as regiões do país, inclusive nos grandes centros. Apesar de toda a boa vontade de fazer dar certo, vocês precisam reconhecer que a centralização não funcionou”, afirmou em mesa.

A Caixa fez o registro como manifestação da mesa, mas informou que, na opinião da empresa, a centralização é entendida como o melhor caminho até o momento.

Inicialmente a Caixa apresentou alguns dados do plano e da pesquisa de satisfação que vem realizando trimestralmente com os usuários. Tanto a metodologia de acesso ao público alvo, quanto a ausência de regionalização da pesquisa foram criticados pelos representantes dos empregados. As notas de satisfação margeiam os 3 pontos entre 1 e 5, o que não permitiu auferir um resultado razoável sobre o que está de fato acontecendo com o plano.

Tatiana Oliveira,  representante da Fetec-CN, solicitou que a pesquisa seja realizada por região para ter um retrato mais fiel da opinião dos usuários no interior do país. Vivian Sá, representante da Fetec-SP São Paulo e diretora da Apcef/SP, fez coro ao pedido de Tatiana. “Para entender o que realmente o que acontece com o Saúde Caixa a pesquisa precisa ser regionalizada. Usuários que moram em regiões com mais credenciados, com mais acesso aos serviços podem dar nota máxima ao plano. Já quem atravessa quilômetros para receber um atendimento de emergência ou fazer uma consulta específica, pode dar nota zero. A média dessas respostas não diz absolutamente nada sobre a experiência de cada um”. 

A este tema a Caixa responde que teria muitas dificuldades de realizar a pesquisa de maneira regionalizada e com mais respondentes, informação que os representantes dos empregados receberam com grande estranheza, dado que uma simples pergunta para saber qual cidade e estado o respondente reside poderia resolver facilmente a questão. 

Outra crítica rebatida pela Caixa foi a de que temos problemas crônicos de credenciamento. Várias falas dos representantes trouxeram problemas locais, tanto de regiões distantes dos centros urbanos como das mais populosas.  A Caixa responde as falas agradecendo as informações mas dizendo que vem fazendo “credenciamento estratégico” que consiste em “sintetizar a base de credenciados” muitos destes inativos no plano, e buscar credenciar onde não há atendimento e onde os usuários acabam utilizando serviços com reembolso de 100% o que seria prejudicial às contas do plano.

“É inaceitável a Caixa responder a tantas informações com uma colocação destas. Nós estamos apontando os problemas e as soluções. O representante da empresa disse que não é importante a quantidade, que ao contrário pode ser prejudicial, mas isso não é o que pensa, por exemplo, o usuário da Baixada Santista com varias cidades sem pronto-socorro, onde tem que se dirigir a determinado hospital em outra cidade quando precisa de atendimento de urgência, ou mesmo o do alto Tietê, que muitas vezes pega a estrada para ser atendido em São Paulo porque o Saúde Caixa finalizou o convênio com diversos hospitais no estado sem qualquer explicação. Só mesmo alguém distante da realidade para dar este tipo de resposta, fica evidente na fala do colega o problema da centralização das informações e soluções para questões de saúde do trabalhador. Pelo jeito, quem está mais distante do problema, tende a se incomodar menos com ele”, apontou Vivian.

Ainda foram levadas questões sobre cobranças repentinas que tem chegado aos usuários com informações, conforme apontadas pelos representantes, como insuficientes para conferências. O representante disse à mesa que algumas cobranças não foram feitas e que é importante resolver o problema para dar saúde financeira ao plano, que essa é uma demanda do próprio GT Saúde Caixa. “É óbvio que concordamos com a cobrança correta da utilização via coparticipação, mas apontamos que os documentos vem com poucas informações, que é possível por exemplo colocar o valor anual do teto do usuário no ano da cobrança, e os procedimentos e datas da realização para que o usuário saiba se está correto ou não, o interlocutor pareceu não compreender que não se trata de que as pessoas não querem pagar o que devem, ao contrário, querem entender o que devem e se devem já que o próprio plano teve dificuldades de fazê-lo quando não cobrou”, complementou a dirigente.

Esperamos que apesar das colocações em mesa, as falas dos representantes dos empregados tragam reflexões aos representantes da empresa para que a descentralização ocorra e os problemas que enfrentam os trabalhadores da Caixa com seu plano de saúde, criados pelas invenções mercadológicas implementadas nos últimos anos sejam finalmente resolvidos.

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