A mesa específica da Campanha Nacional deste ano com a Caixa teve início em 14 de julho, última quarta-feira, às 10 horas, e foi encerrada às 13 horas. Nas apresentações iniciais, foi lembrada a ausência, pela primeira vez em anos, de um dos representantes dos trabalhadores, o indicado para representar a Fetec-CUT/SP, Jorge Luis Furlan, que faleceu na última terça-feira. Todos os componentes da mesa, entre representantes da empresa e dos empregados, homenagearam o colega e amigo em suas apresentações iniciais. Furlan, além de dirigente do Sindicato dos Bancários do ABC, era diretor da Apcef/SP.

Os temas debatidos na mesa foram a aprovação de um calendário para as próximas rodadas e as tratativas sobre condições de trabalho, em especial, assédio moral e sexual.

Clotário Cardoso, coordenador da CEE/Caixa, reforçou as cobranças ao banco sobre do tratamento das denúncias de assédio sexual e moral praticados por Pedro Guimarães, ex-presidente do banco, enquanto ainda estava no cargo. “A situação é gravíssima. Obviamente, respeitamos o direito de defesa de todas as pessoas, mas, queremos apuração rigorosa dos casos, não só de Pedro Guimarães, mas de outros dirigentes do banco que também foram acusados”, enfatizou.

Os representantes dos trabalhadores iniciaram o debate colocando as várias preocupações não só com as denúncias de assédio sexual e moral que saíram na mídia, mas também com toda a institucionalização do assédio objetivadas em ferramentas de gestão e no trato com os empregados. “As ameaças de descomissionamento estão sempre diante dos trabalhadores, a gestão do medo foi instalada de uma maneira jamais vista. A utilização de ferramentas como GDP, o PQV, os times de vendas, e a linha de cobrança diária, quando não de hora em hora, tem adoecido cada vez mais os empregados” destacou Vivian Sá, representante suplente da Fetec-CUT/SP.

A Caixa apresentou as novas ferramentas para combate do assédio no local de trabalho e os canais de atendimento específico para mulheres, além de divulgar formas de atendimento que a empresa já promovia, como o programa “Acolhe” de combate à violência doméstica. Foi apresentado também o formato do novo canal de combate ao assédio, no qual uma empresa externa inicia o atendimento com profissionais especializados para dar atendimento diferenciado. Em caso de denúncia, a empresa encaminha a questão para a área responsável, mantendo sigilo quanto ao denunciante. Os representantes dos empregados acharam as iniciativas interessantes, porém, surgiu a preocupação quanto ao que pode ter acontecido anteriormente na empresa: demora e/ou não apuração resultando em perseguição dos denunciantes.

Os representantes dos empregados solicitaram participação e conhecimento em relação aos dados de denúncias internas. “Em geral, quem traz denúncia de assédio moral ou, principalmente, sexual, pede sigilo, com grande preocupação com a exposição do caso. Sabemos disso e não pretendemos receber dados pessoais de quem procura diretamente a empresa, mas reforçamos a necessidade de acompanhamento por parte das entidades para que haja solução, uma vez que nós, apesar de empregados da empresa, não estamos sob a gestão de qualquer área, nem mesmo a presidência” comentou Vivian Sá.

“Vale ressaltar também que, apesar de estarmos muito preocupados em como a empresa lida com as denúncias internas, os canais que indicamos para os empregados são os ligados aos sindicatos e à Apcef/SP, pois garantimos o tratamento sigiloso das denúncias”, complementou a dirigente.

A próxima rodada de negociações está marcada para 20 de julho e a pauta de condições de trabalho continua, com debates sobre as cláusulas do acordo, além de iniciar as conversas sobre jornada e teletrabalho.

Confira o calendário das rodadas de negociação:
20/7 (quarta-feira) – Condições, Jornada de trabalho e Teletrabalho
21/7 (quinta-feira) – Saúde do Trabalhador e Saúde Caixa
25/7 (segunda-feira) – Teletrabalho
27/7 (quarta-feira) – Funcef e benefícios
2/8 (terça-feira) – Pendências

Furlan, Presente.

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