A Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa) reuniu-se com a direção do banco nesta quarta-feira (12) para a segunda reunião da Campanha Nacional dos Bancários 2020, com a temática Saúde e Segurança.

Em videoconferência, os representantes dos empregados reivindicaram melhores condições de trabalho para os empregados. O principal foco do debate foi a cobrança, pela CEE/Caixa, para que o banco intensifique e priorize as medidas de proteção para a saúde dos empregados em meio à pandemia de coronavírus.

“É um absurdo o vice-presidente da empresa cobrar que os empregados alcancem 200% da meta e os representantes da Caixa na mesa tentarem culpar as medidas de proteção que a empresa deve adotar pela sobrecarga de trabalho nas agências. Para as áreas-meio, então, não há nem resposta. É dever da Caixa garantir condições de trabalho adequadas para os empregados que atuam presencialmente e em home office, além de proteger a saúde dos empregados e terceirizados nesta pandemia”, comentou o diretor-presidente da Apcef/SP, Kardec de Jesus Bezerra. “A Caixa deve voltar a cumprir o que foi acordado no início da pandemia e deixar de cobrar metas, realizando apenas os serviços essenciais previstos no decreto 10.282”, concluiu.

Cobrança de metas e extrapolação de jornada – A CEE/Caixa enfatizou, na reunião, que a cobrança por metas está diretamente associada ao descomissionamento arbitrário e ao adoecimento dos trabalhadores, especialmente em questões de saúde mental.

Além disso, também ressaltou que a jornada tem sido constantemente extrapolada, tanto para os empregados em trabalho presencial como para os em home office, e cobrou o controle efetivo e o retorno ao horário de atendimento reduzido nas agências.

Por sua vez, a Caixa limitou-se a afirmar que se preocupa com a extensão do horário de funcionamento das agências, mas não apresentou solução.

Uso obrigatório de máscara – Os representantes da Caixa enfatizaram que o uso de máscaras é obrigatório e que processos disciplinares podem ser abertos contra empregados que não a utilizarem, seja em agências ou departamentos.

Pais de filhos em idade escolar – A CEE/Caixa cobrou uma solução para empregados que possuem filhos em idade escolar.

A Caixa informou que não tem como avaliar a demanda, uma vez que colocar os pais e mães em home office impactaria no atendimento nas agências. De acordo com o representante do banco, a decisão sobre alocar estes trabalhadores em projeto remoto está nas mãos do gestor de cada unidade.

Coabitantes – A CEE/Caixa também lembrou que a Caixa precisa publicar uma orientação quanto ao formato de trabalho, se presencial ou teletrabalho, para os empregados coabitantes de pessoas do grupo de risco para Covid-19.

Superlotação – Também foi ressaltado pela representação dos empregados o problema da superlotação das agências, ocasionado pela demanda de atendimento e pela clara opção da direção do banco em tentar esconder as filas dentro das unidades, colocando em risco a saúde dos trabalhadores e população.

De acordo com a CEE/Caixa, as filas aumentaram e o rodízio na rede diminuiu, especialmente após o retorno da cobrança de metas.

A Caixa alega que está abrindo aos sábados para reduzir as filas durante a semana. Porém, não fala sobre a convocação para os gerentes gerais de todas as unidades trabalharem aos sábados e assim não pagar as horas extras. Disse também que tem dificuldade em ampliar os grupos de prevenção em função da quantidade de empregados que ficaria disponível para atender presencialmente, mas não mencionou o quanto as próprias metas estão atrapalhando o atendimento.

PCMSO – A CEE/Caixa questionou ainda o fato de a Caixa estar convocando os empregados em grupo de risco para realizar presencialmente o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), mesmo com os empregados possuindo laudos e exames que comprovam sua condição clínica, o que em determinados locais estaria causando filas destes empregados.

Diretrizes – Outra cobrança dos empregados foi maior clareza e uniformização das diretrizes pelas vice-presidências, além do remanejamento entre empregados das SEVs como forma de viabilizar o rodízio.

Horas extras – Foi reivindicada ainda a revisão das orientações para a compensação de horas-extras em agências com menos de 20 empregados, que está em desacordo com a norma.

A Caixa respondeu que não há problema de orçamento de horas extras. Ou seja, se o empregado fez hora extra, deve receber por isso.

Terceirizados – A representação dos empregados cobrou que a Caixa assuma sua responsabilidade para com os terceirizados, que não estão sendo testados e muitas vezes não são afastados nas unidades mesmo com suspeita de contaminação.

Fóruns Regionais de Condições de Trabalho – A Caixa comprometeu-se com a manutenção dos Fóruns Regionais de Condições de Trabalho.

Pais e mães de PcD – A CEE/Caixa reivindicou para empregados pais e mães redução de jornada em duas horas para acompanhamento médico em terapias seriadas; custeio de medicamentos e insumos; ausência permitida ilimitada para acompanhamento ao médico e internação; e reembolso integral de despesas com tratamentos em clínicas multidisciplinares e/ou múltiplos profissionais para crianças autistas, que demandam terapias muito específicas para as quais o Saúde Caixa não possui profissionais de saúde credenciados, principalmente nos métodos ABA, TEACH e DENVER.

Saúde Caixa – Foi reivindicada pelos empregados a apresentação de proposta do Saúde Caixa para todos, e que seja realizada reunião específica sobre o tema.

MP 995 – Os representantes dos empregados da Caixa aproveitaram a ocasião da negociação com a direção do banco para também defender a Caixa 100% Pública, gravemente ameaçada pela MP 995, editada no último dia 7 pelo governo Bolsonaro, que autoriza a privatização “em pedaços” do banco público.

Calendário – A próxima reunião específica da Caixa, no âmbito da Campanha dos Bancários 2020, será realizada no dia 17 e terá como tema Igualdade e Cláusulas Sociais.

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