O que o cenário atual tem mostrado aos empregados da Caixa é que a luta não pode parar.

Não à toa, empregados de todo Brasil participaram, no dia 29, do Dia Nacional de Luta contra o fatiamento do banco, simbolizado pelo leilão da Loteria Instantânea Exclusiva (Lotex), que estava marcado para 29 de novembro e foi adiado para 5 de fevereiro.

Foram ocupadas unidades do banco com cartazes da campanha “Não tem sentido”, com recados como: “Não tem sentido privatizar a Lotex”, “Não tem sentido fatiar a Caixa”, “Não tem sentido enfraquecer a Caixa” e “Não tem sentido diminuir a Caixa”.

Lotex – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou o adiamento do leilão da Lotex antes mesmo da apresentação das propostas, que iria ocorrer no dia 27 de novembro. Na nota sobre o adiamento, o BNDES não explica o motivo da mudança de datas.

PDE – A Caixa divulgou, em comunicado no dia 23 de novembro, a reabertura do Programa de Desligamento de Emprego (PDE).

As inscrições terminaram no dia 30, com adesão de 1.685 empregados. Desde 2016, cerca de 12,5 mil trabalhadores desligaram-se da Caixa, sendo 8,6 mil por adesão aos programas de demissão voluntária.

Perda de mercado – O balanço do 3º trimestre da Caixa, divulgado em 14 de novembro, deixa clara a estratégia do banco. Apesar de um lucro líquido anunciado de R$ 4,8 bilhões no período de julho a setembro e R$ 11,4 bilhões no acumulado, os dados indicam que o banco segue perdendo mercado.

O 3º trimestre seguiu a tendência identificada nos balanços anteriores de 2018 com crescimento dos ganhos oriundos da tarifas pagas pelos clientes (mais R$ 1,65 bilhão), de redução de gastos com pessoal (menos R$ 1,193 bilhão) e diminuição na oferta de crédito.

Segundo o relatório, a instituição tem 1.352 empregados a menos. O número de estagiários e aprendizes também caiu em 738. Outro número em queda é o de agências e pontos de atendimento, redução de 4,1% em relação ao que o banco tinha há um ano.

Já um dos principais indicadores de operações bancárias, a carteira de crédito ampliada, se reduziu. Em dinheiro, menos R$ 18,5 bilhões. A maior redução ocorreu em crédito à pessoa física, menos 2,05 pontos porcentuais, mas também se verificou em pessoa jurídica, 1,25 ponto.

Privatização – Ao juntar as peças deste “quebra-cabeça” fica claro que a Caixa Econômica Federal não se livrou do risco da privatização. Ela só não irá ocorrer da forma tradicional.

Apesar de ter afirmado que não pretende privatizar Caixa e Banco do Brasil, Jair Bolsonaro, presidente eleito, está montando sua equipe de governo focado em privatizar. O cotado para a presidência do banco é Pedro Guimarães, economista, sócio do banco de investimentos Brasil Plural, trabalhou no BTG Pactual e é especialista em privatizações.

Sendo Guimarães o verdadeiro escolhido ou não, Bolsonaro e seus apoiadores deixam claro suas intenções para as estatais desde a campanha eleitoral.

Além do próprio Bolsonaro declarar a intenção de privatizar a maioria das empresas estatais, o futuro “ministro da economia” Paulo Guedes também afirmou que este é um dos objetivos da gestão. Inclusive, anunciaram a criação de uma secretaria que irá tratar somente de privatizações.

Compartilhe: