Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o presidente da Fenae (Federação Nacional do Pessoal da Caixa), Sérgio Takemoto, informou que o crescimento do número de empregados infectados pela Covid-19 é consequência da desorganização do governo, que mantém a Caixa como único pagador do Auxílio Emergencial. A inoperância do executivo também coloca em risco a população que vai ao banco em busca do benefício.

 “Há um número muito grande de pessoas desbancarizadas, por isso defendemos a descentralização dos pagamentos porque seria um número muito grande de pessoas para se cadastrar e ter informação. Só que a desorganização do governo, a falta de planejamento levou a esse tumulto, aglomeração nas agências”, disse.

A falta de informação por parte do executivo e da direção da Caixa faz muitas pessoas irem às agências sem precisar, aumentando a concentração de pessoas e o risco de contágio. Takemoto lembrou que a Caixa não é responsável pelo processamento e análise dos cadastros. A conferência é feita pela Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informação da Previdência) e é possível consultar o processo de aprovação pelo site da empresa: https://consultaauxilio.dataprev.gov.br/consulta/#/

A mudança no pagamento da segunda parcela do benefício também foi alvo de crítica do presidente da Federação. “Agora vai começar a segunda parcela e o governo está mudando regras, todo mundo vai recebê-la através de conta digital, o que é uma preocupação muito grande. As pessoas receberam a primeira parcela de uma forma, nosso receio é de que mudar isso agora gere caos e nova corrida nas agências”, disse. (Veja outras mudanças aqui https://bit.ly/2TdMs6s )

Takemoto informou ao jornal que a Fenae tem cobrado diversas ações da direção da Caixa para proteger a população e os empregados, como uma campanha de esclarecimento sobre o pagamento do auxílio, agendamento do atendimento e a contratação de mais empregados.  

Na semana passada a Federação e as Apcefs divulgaram um manifesto em defesa dos empregados da Caixa e da população. Publicado no jornal O Globo, na coluna da jornalista Bela Megale, o manifesto destaca as solicitações feitas pela Fenae. “ Fizemos diversas reivindicações à direção do banco e a outros órgãos do Executivo, inclusive, ao ex-ministro da Saúde Nelson Teich, solicitando que medidas efetivas fossem tomadas em proteção à saúde das pessoas e dos bancários. Não nos ouviram e quem está sofrendo são os milhões de brasileiros e os cerca de 50 mil trabalhadores da Caixa à frente deste atendimento essencial à população”, disse Takemoto para O Globo.

Privatização – Antes da pandemia, o Governo estava empenhado em iniciar o processo de privatização da Caixa, começando por entregar as operações mais rentáveis como a abertura de capital da Caixa Seguridade. Na entrevista ao Valor econômico, Takemoto reforçou que após a pandemia as ações do governo para privatizar o banco vão voltar. Ele explica que a privatização das partes mais rentáveis da instituição vai enfraquece-las e, assim, perder a capacidade de financiar as políticas sociais.

Por ser 100% pública, a Caixa é o banco responsável pelos principais programas sociais do Governo. É o responsável pelo pagamento do Bolsa Família, pelo Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) e Seguro Desemprego. Também é o condutor do programa Minha Casa, Minha Vida e o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil). 

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