Flexibilidade e colaboração são as palavras do momento no cenário de avanço da pandemia do Covid-19. Algo que os participantes da Funcef esperam da Fundação quanto à redução das elevadas taxas de juros dos empréstimos. Estudo técnico realizado a pela consultoria Ermida a pedido da Fenae indica que a taxa do Credplan poderia ser reduzida em cerca de 2% preservando a sustentabilidade da carteira, e mostra o quanto Funcef e Previ adotam políticas antagônicas em relação a seus participantes.

A meta atuarial dotada pela Funcef é INPC + 4,5%, 2,4% mais baixa que a taxa de juros do Credplan. Vale lembrar que as linhas de crédito nos fundos de pensão existem para beneficiar os participantes e que, por uma questão de equilíbrio, a legislação exige apenas que esses empréstimos não sejam subsidiados. A finalidade não é gerar resultado financeiro.

Enquanto a Previ cobra INPC + 4,62% a.a dos seus participantes nos empréstimos de maior prazo, a Funcef cobra INPC + 6,94% a.a no Credplan, 150% a mais que o praticado no fundo de pensão do pessoal do Banco do Brasil. Outro fator que contribui para a necessária redução da taxa dos empréstimos na Funcef é o fato de que, desde a última redução nas taxas do Credplan, implementada pela Funcef em outubro de 2019 após diversas demandas da Fenae, a taxa básica de juros (Selic) já caiu 1,75% a.a.

Funcef carrega na taxa. Previ cobra abaixo da meta – Lógicas opostas adotadas por Funcef e Previ revelam em que lugar o participante está na lista de prioridades. Essa diferença fica mais evidente quando se analisa a forma como os dois fundos equilibram (ou não) os resultados dos investimentos e a rentabilidade obtida com empréstimos concedidos aos trabalhadores.

Enquanto a Funcef cobra nos empréstimos uma taxa que chega a ser 2,4% superior à meta atuarial, a Previ cobra INPC + 4,62%, percentual inferior à meta de INPC + 4,75%. Sim, o maior fundo de pensão do país cobra do participante taxa inferior à rentabilidade mínima prevista na política de investimentos. Isso se sustenta na medida em que a Previ obtém resultados por meio de uma gestão eficiente em investimentos de maior risco e potencial de retorno.

“Os gestores da Previ gerem os investimentos de forma diversificada e alcançam resultados indo ao mercado e não explorando os participantes com juros altos. Já a Funcef se escora nos títulos públicos, cada vez menos valorizados, e tenta compensar isso com o Credplan”, avalia a diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus.

O Relatório Anual de 2019 da Previ, publicado em 14 de abril, mostra que a entidade entregou aos participantes uma rentabilidade consolidada de 20,12%. Já a carteira de operações com participantes apresentou uma rentabilidade de 7,69% e ficou abaixo da meta de INPC + 5% (9,71%) estabelecida para o ano passado. O desempenho menor na carteira foi compensado pelos resultados nas demais modalidades de investimento. No fim das contas, a Previ fechou o ano com superávit.

Com 60% dos recursos em títulos públicos, o Novo Plano é um exemplo de oportunidade perdida. Os gestores da Funcef deixaram de aproveitar a rentabilidade de 24,5% registrada até novembro na Bolsa de Valores enquanto a renda fixa ficou em 8,5%. Já a carteira do Credplan no Novo Plano alcançou rentabilidade de 10,6% no mesmo período.

“Enquanto a Previ busca maior rentabilidade no mercado e cobra taxas mais baixas de seus participantes, a Funcef se acomoda nos títulos públicos e castiga os trabalhadores com juros altos”, lembra a diretora da Fenae.

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