Em 2009, quando a Funcef decidiu investir na Invepar, holding que administra o Aeroporto de Guarulhos (GRU), além de outros empreendimentos como MetrôRio, MetrôBarra, VLT Carioca e mais uma série de rodovias, o Brasil sofria os impactos da crise econômica que assolou o mundo em 2008 e buscava retomar seu crescimento econômico. Umas das saídas para reaquecer a economia e gerar novos empregos e renda foram os investimentos em projetos de infraestrutura. 

A Invepar foi criada em 2000 e tinha como sócios a OAS e a Previ- fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil. A companhia passou a fazer parte da carteira de investimentos da Funcef com aporte de inicial de R$ 308 milhões, o que correspondia na época a 20% da empresa. Novos aportes foram feitos posteriormente até o total de R$ 1,2 bilhão, em 2012, elevando a participação da fundação em 25%.

O ingresso da Funcef e da Petros, em 2009, como acionistas permitiu a ampliação da capacidade de investimentos da Invepar. Os resultados desse investimento foram um dos fatores que fizeram com que o fundo dos empregados da Caixa apresentasse superávit acumulado de R$ 460,7 milhões e permitiu que, no ano seguinte, os benefícios saldados tivessem aumento real de 2,33%.

Mudança no cenário econômico

Entre 2010 e 2014, o Brasil se manteve na 7ª posição no ranking das maiores economias do país. Nos últimos cinco anos, o país vem assistindo esse posicionamento se alterar. 

Em 2019, já estava na 9ª posição e este ano com o tombo histórico de 4,1% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020, o Brasil caiu para a 12ª colocação, segundo levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating. No entanto, projeções do FMI indicam que o país pode terminar 2021 na 14ª colocação.

A economia do Brasil sofre, entre outras questões, com o recuo nos investimentos em infraestrutura que se acentuaram a partir de 2015, após 11 anos seguidos de expansão. 

O segmento, segundo analistas econômicos, está sendo afetado, especialmente, pelo esvaziamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Com a política de desmonte iniciada no governo Temer e que teve continuidade no governo Bolsonaro, as linhas de financiamento estão cada vez mais escassas. 

Diante deste cenário crítico, a preocupação dos participantes é com a situação real da Invepar e qual impacto desse investimento para os planos de benefício.

Segundo informações da Funcef, a companhia apresentou resultados positivos de 2009 a 2014- quando a participação da Fundação na Invepar valia cerca de R$ 2,8 bilhões. Em 2015, caiu para aproximadamente R$ 2,2 bilhões, uma redução total que chegou a R$ 613,1 milhões ou 21,9%. 

Com a perda, a Invepar contribuiu para o deficit da Funcef. Em 2015, por exemplo, do total de R$ 7 bilhões de deficit a empresa respondeu por R$ 541,2 milhões.

Dificuldades

Informações foram veiculadas na imprensa sobre dificuldades financeiras enfrentadas pela concessionária, bem como uma possível venda de ações da Invepar para grupos internacionais. 

Em julho de 2019, o presidente da Funcef, Renato Villela, descartou a busca de um investidor estratégico para assumir o controle da empresa de concessões de infraestrutura e afirmou que a preocupação da gestão da fundação era “rentabilizar o negócio”.

“É importante que a Funcef mostre ao participante as condições do investimento e a expectativa para o futuro”, defende a diretora de Saúde e Previdência da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Fabiana Matheus.

Além da Funcef, a Invepar tem como principais sócios a Previ, Petros e o Fundo de Investimento em Participações (FIP) Yosemite, que reúne os credores da ex-acionista OAS.

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