No Brasil, apenas 4 em cada 10 domicílios conseguem manter acesso pleno à alimentação – estão em condição de segurança alimentar – segundo revelou o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. Em 2022, o país atingiu a triste marca de 33,1 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar, 14 milhões de brasileiros a mais em relação a 2020.

Para algumas comunidades, a ajuda para reduzir o problema vem por meio de iniciativas da sociedade civil organizada. No Rio Grande do Sul, a Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Apcef/RS) e a coordenação estadual da Moradia e Cidadania estão implementando dois projetos voltados para pessoas em situação de vulnerabilidade social, nas cidades de São Leopoldo e Caxias do Sul.

“Conhecemos as dificuldades das famílias de baixa renda no país e a parceria da Fenae com a Moradia e Cidadania tem por objetivo oferecer condições para a realização de projetos sociais, que vão gerar oportunidades de segurança alimentar e redução das desigualdades sociais para as famílias de comunidades no entorno das Apcefs”, diz Sergio Takemoto, presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae).

Em São Leopoldo, a parceria das entidades, formadas por empregados e aposentados da Caixa, está desenvolvendo o projeto “Quintais agroecológicos e meliponicultura cidadã” na Casa Auxiliadora. A instituição está situada no bairro Scharlau e atende 100 crianças e adolescentes, no contraturno escolar. 

O projeto visa contribuir para a segurança alimentar e qualidade de vida das famílias vinculadas à Casa, através da produção de alimentos agroecológicos e do conhecimento da meliponicultora como facilitador da geração de renda.  A estimativa é beneficiar 300 pessoas, direta ou indiretamente.

“É muito bom trabalhar em rede pelo bem comum. Neste caso, a união de esforços da Fenae, Apcef/RS e Ong Moradia e Cidadania vai contribuir com dois trabalhos excepcionais em favor da segurança alimentar, cultura e educação ambiental de diversas crianças e jovens de duas regiões de nosso estado”, pontua o presidente da Apcef/RS, Marcos Todt.

Segundo a vice-presidente da associação gaúcha e diretora da Fenae da Região Sul, Naiara Machado, o outro projeto está sendo executado em Caxias do Sul. Intitulado “Inclusão, Convivência e Protagonismo”, as ações são voltadas para crianças e adolescentes da Associação Criança Feliz, com a realização de oficinas de canto coral e violão, complementando as ações existentes na Instituição, além de alimentação mais reforçada e diversificada.

“São ações que acontecem próximas aos espaços de sedes regionais da Apcef e ONG Moradia e Cidadania, visando também oportunizar a integração e participação de associadas(os) nesse apoio fundamental a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, num momento em que a fome voltou a fazer parte da realidade de uma parcela expressiva da população brasileira”, frisou Naiara.

 A Associação Criança Feliz está situada no Bairro Fátima Baixo e atualmente atende a 12 bairros de seu entorno, na região norte de Caxias do Sul, contemplando 230 crianças e adolescentes no contraturno escolar. Oferece atividades de convívio e lazer, oficinas de arte e cultura e momentos das refeições, sendo 4 diárias.

O coordenador estadual da Moradia e Cidadania no RS, Artur Ferreira Almeida, explica que a população da região carece de ações que promovam a convivência social, a participação comunitária, o exercício da cidadania, o desenvolvimento de relações de afetividade, a sociabilidade, o protagonismo, as potencialidades e o fortalecimento dos vínculos familiares, relacionais e comunitários.

“Os dois projetos estão alinhados aos objetivos da ONG, de educação e geração de renda, sendo fundamental a parceria da Fenae e apoio da Apcef/RS, para a execução destes projetos, beneficiando a comunidade de Caxias do Sul e São Leopoldo”, reforçou Artur Ferreira.

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