As demonstrações financeiras divulgadas pela Caixa em 19 de fevereiro foram muito comemoradas pela direção da empresa, que anunciou com festa o lucro líquido contábil de R$ 21,1 bilhões.

Porém, a comemoração não se sustenta após uma avaliação dos indicadores da instituição e dos eventos que compuseram seu resultado.

A venda de ativos (ações, títulos e luvas recebidas de parcerias comerciais) elevou o resultado em R$ 11,5 bi, mais da metade do total, e tem caráter não recorrente.

A redução da PDD com relação à provisão do ano anterior impactou positivamente o resultado em R$ 4,16 bi e tem efeito meramente contábil. A receita de tarifas, prestação de serviços e resultado de equivalência patrimonial das áreas de negócios que a direção pretende vender (seguridade, “asset”, loterias e cartões) somou R$ 7,57 bi. Uma eventual abertura de capital dividirá os ganhos com estas áreas.

Avaliando os indicadores, pode-se constatar que a redução da empresa é fruto da política adotada pela direção da instituição.

As carteiras de crédito caem de maneira continuada desde 2015. Só no crédito comercial PJ a carteira caiu de R$ 96,2 bi (2015) para R$ 38,6 bi (2019). Como consequência, a renda de operações de crédito, “core business” da instituição, caiu 25% desde 2016, ao contrário dos concorrentes privados, que cresceram neste período.

É importante frisar que estes números não são frutos do acaso e, sim, o resultado de ações tomadas pela diretoria do banco público.

Com a reestruturação na rede, que tira estrutura da Caixa nas maiores e mais competitivas praças do mercado financeiro brasileiro (São Paulo e Rio de Janeiro), vemos que a aposta não é na disputa de mercado e, consequentemente, no crescimento da instituição.

Devemos, então, comemorar este lucro recorde?

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