Quarto passo para desmotivar os empregados e destruir uma empresa pública

Em mais uma matéria sobre o Desmonte da Caixa, a APCEF/SP retoma o debate quanto à política neoliberal de Temer, que ressuscita o modus operandi do governo de Fernando Henrique Cardoso  quanto à tentativa de privatizar o banco público nos anos 90.

Os passos para desmotivar os empregados e destruir a empresa pública, retratados na série de matérias da APCEF/SP, já denunciou as péssimas condições de trabalho (primeiro passo), metas abusivas (segundo passo) e questões de saúde (terceiro passo).

O quarto passo desta saga é fazer o empregado acreditar que a terceirização irrestrita é benéfica para o desenvolvimento do seu trabalho, para o fortalecimento da Caixa e para a economia do país.

O fato é que, muitas vezes, o empregado não consegue visualizar os impactos negativos dessas mudanças no seu ambiente de trabalho. A terceirização irrestrita gera precarização do trabalho, salários menores para as mesmas funções e grande rotatividade.
Na Caixa, muitos empregados não acreditam que podem ser substituídos por trabalhadores terceirizados, apegam-se ao fato de terem o know-how dos trâmites, sistemas e processos do banco público e avaliam que são imprescindíveis para a continuidade das operações rentáveis da Caixa.

Essas sensações – somadas à falsa ideia de que se é inatingível diante de qualquer mudança proposta pela direção da Caixa ou pelo governo – paralisam muitos empregados, deixando-os míopes diante do cenário catastrófico que, aos poucos, se concretiza.
O pesadelo de 1999, quando a Caixa criou o Modelo Operacional de Ponto de Venda e locação de mão de obra, com salários baixíssimos, para realizar tarefas de caixa-executivo, está de volta.

E, agora, é amparado pela Lei 13.429/2017, que dispõe sobre o trabalho temporário e a prestação de serviços por terceiros e pela  reedição da normativa RH 037, em nova versão, que trata do trabalho do bancário temporário.

Com essas ferramentas, a Caixa pode terceirizar qualquer função. Conforme a lei, a exceção da terceirização será apenas para atividades que são exercidas por carreiras de Estado, como juízes, promotores, procuradores, auditores, fiscais e policiais. Outras funções, mesmo que ligadas à atividade-fim, poderão ser terceirizadas. Isso acarretará uma drástica redução no número de vagas em concursos públicos, se é que serão feitos. No caso da Caixa, o último concurso aconteceu em 2014.

Números – Segundo estudo feito pela CUT e Dieese, a partir de dados de 2013 do Ministério do Trabalho, os terceirizados, ao mesmo tempo em que ganham salários em média 25% menores, trabalham em média três horas a mais por semana do que os contratados pela empresa. Ficam em média 2,7 anos no emprego intermediado, enquanto os contratados permanecem em seus postos de trabalho por 5,8 anos.

>> Leia e assista aos vídeos de todas as matérias da série: 1. Governo retoma projeto dos anos 90 e prepara banco para privatização, 2. Governo não quer melhorar as condições de trabalho na Caixa, 3. Esteja convencido de que metas abusivas são práticas de mercado, 4. É normal que os empregados fiquem doentes, esgotados e estressados, 5. Pode acreditar, terceirização é algo positivo para você!, 6. É certo que o processo de verticalização jamais irá atingi-lo, 7. Reforma trabalhista não irá impactar nos direitos dos empregados da Caixa e 8. Onde o governo quer chegar com o processo de desmonte do banco

 

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